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Feliciano Evangelista dos Santos

1947 - 2020

"Isso é um barato!", dizia ele. Tico Bahia jamais perdeu a admiração pelas coisas e pessoas ao seu redor.

Feliciano de nascimento, 'Luciano' para os clientes e amigos e, simplesmente, 'Tico' para a família. Variados nomes, mas sempre a mesma essência de um homem nascido na Bahia e que morou em São Paulo por mais de 30 anos, dono de uma risada contagiante e inconfundível.

Pai de cinco filhos, aprendeu na escola da vida a profissão de barbeiro e enquanto esteve no 'auge', não havia concorrência que se sustentasse, mesmo aquelas que investiam fortunas para tentar igualar uma competição sempre desigual, devido ao seu talento natural.

E, aproveitando do próprio talento, cabelo e cavanhaque sempre estavam impecáveis, sendo que, ninguém podia tocar no cabelo dele, mesmo que este estivesse cada vez mais ralo.

Apesar de ser apaixonado por passarinhos, samba-rock, relógios e pelo Corinthians, a família sempre teve lugar especial em seu coração, principalmente em se tratando dos irmãos e das netas, pelos quais nunca media esforços para se fazer presente.

Pela sua facilidade de aprendizado, adquiriu muitos outros conhecimentos na escola da vida, sendo um dos mais curiosos a habilidade de cantar e tocar violão. Na verdade, a habilidade era a de entreter as pessoas, pois só sabia tocar poucas notas e a única música que conseguia tirar era "O Calhambeque", de Roberto Carlos. Mas, com o seu carisma sempre presente, conseguia fazer com que todos caíssem na risada e aplaudissem o 'show'.

Sempre preocupado em não deixar os outros preocupados, mesmo diante dos problemas de saúde dizia que 'estava tudo bem' e essa é a impressão que gostaria de deixar: que tudo está bem, apesar da distância e da saudade, e que a vida é uma grande escola, onde podemos aprender muitas coisas, sempre mais, para um dia, quando nos reunirmos novamente, compartilharmos tudo o que aprendemos num eterno show de alegrias e bons momentos. Vai ser um barato!

Feliciano nasceu em Feira de Santana (BA) e faleceu em São Paulo (SP), aos 72 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pelos filhos de Feliciano, Wellington, Fábio e Bruna. Este tributo foi apurado por Rayane Urani, editado por filhos de Feliciano, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 17 de junho de 2020.