Sobre o Inumeráveis

Fernando José de Souza Serpa

1949 - 2020

Do samba, da literatura, do Salgueiro, do Fluminense, da poesia... Um poeta que espalhou amor por onde passou.

Esta homenagem, de Mariana e Luiza, expressa o sentimento forte pelo pai tão especial que Fernando foi:

Nosso pai foi um menino que cresceu na Tijuca, numa família de muitos irmãos. Era carioca.

Nosso pai gostava de palavras estranhas, de nomes incomuns.
Era sério e brincalhão. Triste e alegre. Era o amor de nossa mãe.

Nosso pai era médico, dedicou sua vida a ouvir as pessoas e a ser solidário com o sofrimento delas. Era estudioso, curioso.

Era nosso pai, mas também era pai dos sobrinhos, dos genros, dos nossos amigos e de sabe-se lá mais de quem.

Ele não está mais aqui, mas está e estará sempre nas vidas que tocou.
Nosso pai era também avô de quatro netos, uma grande alegria!
Ele não errava presente. E era nosso maior amigo.

Nosso pai era o lugar pra voltar.
Era com quem se podia encontrar um tempo pra respirar, ele ouvia.
Ele dava a mão e tinha o melhor abraço.

Nosso pai era bonito, forte e míope, muito míope.
Usava barba.

É curioso ouvir das pessoas suas impressões sobre ele.
Ouvimos sobre amor, simplicidade, apoio e alegria.
Queríamos que ele soubesse disso.
Queríamos que ele soubesse o quanto foi fundamental na vida de tanta gente.

Nosso pai era esquisito e comum.
Era da farra e do recolhimento.
Do samba e da literatura.
Do Salgueiro e do Fluminense.
Da poesia.

É, nosso pai era poeta.
Poeta das tristezas e dores da vida.
Nosso pai era complexo e tão simples!

Gostava de massas, chocolates e jujubas.
Nosso pai gostava de gente.
Nosso pai nos ajudou a virar gente.

Devem existir pessoas que nem conhecemos sentindo sua falta.
A elas, gostaria de dizer que é preciso encontrar em cada um de nós o que ele ajudou a florescer.

Assim seguimos procurando reencontrar a alegria.

Com humor, arte e sem nunca esquecer os sambas fundamentais, como ele disse.

Fernando nasceu no Rio de Janeiro (RJ) e faleceu no Rio de Janeiro (RJ), aos 71 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pelas filhas de Fernando, Mariana Serpa e Luiza Serpa. Este texto foi apurado e escrito por Lígia Franzin, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 14 de fevereiro de 2021.