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Flávio Cruz

1960 - 2021

Amava tirar um cochilo após o almoço, muitas vezes sentado e com um palito de dentes na boca.

Flávio amava seu trabalho e dava o seu melhor diariamente “pra fazer o jogo seguir”, conforme ele mesmo dizia.

Por anos levou sozinho a pequena empresa que criou e só ele sabia o quão duro era manter todas as famílias que dependiam daquele sustento. Se sentia responsável pelas vidas que ajudava e trabalhou muito para garantir o pão de cada dia da própria família e as das demais pessoas que cruzaram seu caminho na “firma”.

Muito íntegro, foi pai responsável e dedicado. Fazia de tudo pela sua família e se sentia realizado quando conseguia reunir os amigos e família em eventos na sua casa que era sua base, seu porto seguro. Não havia lugar mais perfeito e que o deixasse mais em paz do que o seu lar.

Gostava de se sentar na varanda para conversar e tinha o dom da palavra. Muitas vezes era direto e objetivo, mas sempre tinha uma opinião e algo a dizer sobre todos os assuntos. Às vezes uma palavra de conforto, outras um papo direto e reto.

A esse respeito, conta saudosamente Ana Carolina: “Certamente foi um bom ouvinte e um ombro amigo para muitas pessoas, que com certeza jamais esquecerão aquele riso fácil e aquele homem cheio de vida que era meu pai.

No dia de sua missa de sétimo dia, o padre pediu para descrever, em poucas palavras, quem era o Sr. Flavio Cruz. Óbvio, que eu como filha não consegui balbuciar sequer uma sílaba… a frase que ouvimos de um amigo muito próximo foi: “seus filhos eram seu maior orgulho”.

No fundo eu sempre soube disso, mas ouvir isso impactou meu coração ...Hoje, ao descrevê-lo dessa maneira, me vem à cabeça o que eu sempre soube: meu pai é e sempre será o meu maior orgulho. Falar dele é tão fácil e sempre vai me trazer um conforto no coração, mesmo quando a saudade aperta o peito.”

Flávio nasceu em São Paulo (SP) e faleceu em São Caetano do Sul (SP), aos 61 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha de Flávio, Ana Carolina Cruz Martines. Este tributo foi apurado por Larissa Reis, editado por Vera Dias, revisado por Bettina Florenzano e moderado por Rayane Urani em 21 de abril de 2022.