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Flavio Ramos dos Santos

1953 - 2021

Era sempre o primeiro a ligar para dar os parabéns pelo aniversário, não se esquecia da data de ninguém.

A honestidade sempre foi uma marca da personalidade de Flavio. Todos os que conviveram com ele destacavam que ele era extremamente correto em tudo que fazia. Equilibrado e ponderado, orientava sua família com sua sabedoria.

Também sempre foi muito trabalhador e dedicado. Nascido e criado no Rio de Janeiro, foi muito jovem para o Espírito Santo para trabalhar na área de tecnologia da informação. Foi convidado para montar o centro de processamento de dados da antiga Telest, empresa estatal de telecomunicações, onde permaneceu por toda sua carreira profissional.

Foi casado por 35 anos com Marta, a quem carinhosamente chamava de “princesa”. A filha Mariana, por sua vez, era sua “princesinha querida”. Flavio sofreu duas perdas dolorosas ao longo de sua vida: as filhas do primeiro casamento, Flavia e Fernanda. Encontrou na chegada da neta Jade, porém, uma fonte de imensa alegria. Estar com a família e aproveitar a companhia dela em viagens eram as grandes paixões de Flavio.

Fez muitos amigos ao longo da vida, pois era sempre muito fiel e dedicado a eles. Flavio era aquele que nunca esquecia das datas comemorativas.Também sempre era o primeiro a chegar às comemorações, pontualmente na hora marcada, e já ia pedindo a primeira cervejinha gelada. Era aquele amigo que logo cedo já desejava bom dia e se fazia presente diariamente, mesmo que fosse por um rápido bate-papo por mensagem.

Leandro foi um de seus melhores amigos, com quem viveu muitas histórias memoráveis. Em quase trinta anos de convívio, tornaram-se quase irmãos. Flavio fazia diferença na vida do amigo, dando dicas importantes, dizendo palavras de otimismo e demonstrando aquela certeza de que as coisas sempre iriam melhorar.

Flavio amava reunir os amigos, ir a algum bar no bairro do Jardim da Penha, em Vitória, ou a algum restaurante experimentar pratos elaborados. Também gostava de convidar os amigos para sua casa. Muitos encontros ocorreram na casa de Flavio na capital e outros em uma residência que ele possuía no Parque das Hortênsias, próximo à natureza.

Havia um revezamento para os encontros em casas de amigos. Formaram um animado grupo de quatro casais. Essas reuniões, sempre muito descontraídas, transformaram-se em verdadeiras comemorações pela vida e pela amizade.

Leandro eternizou a energia desses encontros em poesia. Dedicou os trechos abaixo ao querido amigo Flavio: “Tudo preparado para atender todos os gostos, assim deixo aqui o registro: Flavio só toma cerveja, e espera sentado o tira-gosto, Gilson sabe cozinhar com muita maestria, e não aguenta esperar, dando várias dicas importantes para quem está na cozinha, e Jairo com suas velhas e novas histórias, algumas até repetidas, mas um craque quando tem lima da pérsia para fazer aquela caipirinha....”.

“Infelizmente os dias são rápidos. Mas dizem que as coisas boas não duram, e mais uma vez registro como é importante cultivar as amizades, e que a vida não é feita só de trabalho. Temos que fazer mais encontros, pois da vida nada se leva, e o que realmente importa são os amigos e a família, e o que deixamos de legado é apenas nossa história...”

Flavio deixa muitas saudades em sua família e em seus amigos, e sempre estará presente na mente e no coração daqueles que o amaram.

Flavio nasceu no Rio de Janeiro (RJ) e faleceu em Vitória (ES), aos 67 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha de Flavio, Mariana Amorim dos Santos. Este tributo foi apurado por Larissa Reis, editado por Marília Ohlson, revisado por Fernanda Ravagnani e moderado por Rayane Urani em 22 de dezembro de 2021.