Sobre o Inumeráveis

Flávio Santos Ferreira

1974 - 2020

Um amigo e companheiro de todas as horas. Dos churrascos em família aos jogos do Corinthians.

Pelos amigos era conhecido como Testa, um apelido que, de alguma forma, todos sabiam que sua mãe não gostava muito. Pelas irmãs era chamado de Sabá, Sabalino ou Flavinho, por ser o caçula de cinco irmãos.

Trabalhou muito, foi supervisor de serviços de telecomunicações e motorista de aplicativo. Em seu último emprego, ficou muito feliz, pois já estava registrado há alguns meses.

Flávio amava fazer um bom churrasco e reunir a família para tomar sua cervejinha ouvindo Marília Mendonça. Amava assistir aos jogos do Corinthians, dirigir e, por isso, cuidava bem do seu carro e da moto, que eram como seus brinquedos ─ os seus xodós. Mas, acima de tudo, seu verdadeiro e grande amor era sua família, em especial, a filha Heloísa.

"Era querido por todos, sempre tão presente, não sabia dizer não e estava constantemente com um sorriso largo estampado no rosto", diz a sobrinha Rafaela.

Como o Flávio era brincalhão! Chamava a sogra de "Cunegundes" ─ uma personagem da atriz Elizabeth Savalla, da trama "Êta Mundo Bom!" ─, o que tornou impossível assistir à novela sem que nos lembrássemos dele.

Foi casado duas vezes. Primeiro com Viviane e depois com Paula. No primeiro casamento, Viviane já era mãe da bebê Lavínia e Flávio ajudou a criá-la com muito carinho, como se fosse filha dele. Com Paula, com quem conviveu por dez anos, em sua segunda união, teve seu grande presente: Heloísa, a filha querida com que sempre se preocupava.

-

As linhas abaixo, em forma de carta aberta, fazem parte de mais uma homenagem de Rafaela para Flávio:

É difícil escolher apenas uma história especial ao seu lado meu tio, pois, em cada momento da minha vida, de alguma maneira você se fez sempre tão presente. Era a figura paterna em que sempre me espelhei; a figura de irmão mais velho, zeloso e cuidadoso que sempre foi; o tio tão amado que compartilhava os feriados, os aniversários, as viagens e o simples café da tarde... que já estão fazendo uma falta absurda.

Como irei ouvir Marília Mendonça sem que o pranto caia daqui pra frente? Como irei comemorar cada gol do Corinthians a partir de agora?

Quem será meu pé de valsa nas reuniões de família?

Quem irá me socorrer quando preciso for?

É, meu tio, como está insuportável continuar aqui sem você! Como as madrugadas conseguem ser tão cruéis! Como a saudade machuca... e como eu daria tudo pra ter você aqui de volta!

Te amo e até breve. Até um dia de sol, com a família reunida em um churrasco, dançando, sorriso largo no rosto, felizes e juntos contemplando o momento.

Mesmo assustado com toda a situação, tentou nos acalmar dizendo que ficaria bem e que em breve estaria de volta. Infelizmente, não retornou.

Amo falar ou lembrar-me de você, porque você me remete ao amor.

Obrigada por tudo!

Flávio nasceu em São Paulo (SP) e faleceu em São Paulo (SP), aos 45 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela sobrinha de Flávio, Rafaela Ferreira. Este tributo foi apurado por Thaíssa Parente, editado por Júlia Paranhos, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 7 de dezembro de 2020.