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Francisca Alves Vieira

1955 - 2021

Com um sorriso no rosto, Mãezinha recepcionava todos em sua cadeira de balanço.

Desde pequena, Dona Francisca demonstrava ter uma habilidade que a seguiria pelo resto da vida: a de cuidar. O senso de responsabilidade aflorou bem cedo, ao ter que ajudar os pais nos cuidados da casa e dos irmãos mais novos.

Ao todo, Francisca teve 21 irmãos. Alguns não chegaram a ter uma vida longa. E foi assim que começou a ser chamada de Mãezinha. “O apelido surgiu desde nova, pelo fato de ela cuidar muito dos outros. Bem jovem, quando via criança abandonada, levava para a casa dos pais e cuidava. Quando foi embora com meu pai, ajudava cuidando da família dele. Ela tinha uma 'vibe' de mãe de todos. Bastava olhar para ela para ver aquele cuidado acolhedor de mãe. Todos da rua onde morávamos eram acolhidos por ela. Todos ela tratava assim, com comida e um sorriso”, conta Regilene, a filha mais nova.

Assim que cresceu, Francisca começou a fazer bolos e café para vender na rodovia próxima a sua casa. E foi ali que conheceu um caminhoneiro que se tornaria o seu grande amor e pai de seus oito filhos. Quando se casou, Mãezinha foi morar em Parnaíba com o esposo e começou a trabalhar em um novo comércio, o “Mercantil da Mãezinha”.

“Lembrar da mamãe é lembrar do acolhimento que ela dava para as pessoas. E ela demonstrava sempre isso cozinhando uma comida maravilhosa e desejada por muitos”, lembra.

Era comum, aos finais de semana, seus filhos receberem uma mensagem como essa: “Fiz a comida, tem galinha cozida, carne assada no forno, arroz, feijão, e vou só fazer a farofa.”

Mesmo com dificuldades de saúde, não deixava de expressar seu amor nestes momentos. Gostava de ficar observando a família se deliciar com os seus pratos.

Muito caridosa e generosa, sempre que algum vendedor passasse em seu mercadinho ela comprava o que estava oferecendo, para incentivar o trabalho dele e ajudar uma família.

Entre seus irmãos, filhos, netos, familiares e amigos, são inúmeras as pessoas que receberam o carinho e o afeto de Dona Francisca, e que sentem falta dos almoços e do jeito leve e doce de demonstrar amor e cuidado por todos.

Francisca nasceu em Campo Maior (PI) e faleceu em Parnaíba (PI), aos 65 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha de Francisca, Regilene Fatima Alves Rodrigues. Este tributo foi apurado por -, editado por Aline Mariane Fernandes, revisado por Fernanda Ravagnani e moderado por Rayane Urani em 8 de fevereiro de 2022.