Francisca das Chagas Correa

1936 - 2020

Orgulhosa por ser a única que sabia a receita de como fazer o melhor café do mundo.

Tinha a fama de fazer um arroz, um frango e um macarrão como ninguém, nas lembranças das tardes frias e chuvosas da sobrinha Josiane, na Cidade Imperial.

E havia também a hora do café da tarde na casa da Vó Chica, como carinhosamente era chamada por todos. Era quase um ritual, um aroma guiava até a cozinha, sempre próximo às 14h. Ninguém chegava ou saía sem aquele famoso cafezinho.

Muitas pessoas chegavam para visitá-la, para desabafar, para pagar pela roupa lavada na bica da grota com sabão azul e passada magistralmente ao som de Roberto Carlos e do ronco do motor do ônibus que ia e vinha, na rua de cima da casa, de hora em hora.

De repente, ela pausava toda aquela quase confusão diária e dizia: - Vou passar um cafezinho! E ficavam todos em silêncio em volta do fogão, outros sentados no chão, ansiosos, aguardando... E ela, toda orgulhosa, certamente por ser a única que sabia a receita de como fazer o melhor café do mundo.