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Francisco Ivã Ribeiro Maquiné

1972 - 2020

Tagarela que só, falava pelos cotovelos e animava qualquer lugar.

Desde criança seu Francisco gostava de falar pelos cotovelos. Em qualquer reunião familiar, lá estava ele contando as travessuras e as brincadeiras que vivera com os seus dez irmãos — José, Ana, Maria, Silvana, Cecilia, Íris, Sônia, Sansão, Jorgiane e Socorro —, tirando gargalhadas de quem o ouvia contar aquelas histórias engraçadas.

Muito cedo, apaixonou-se por histórias, despertando assim o seu desejo de cursar História na faculdade. Porém, o desejo jovem só veio a se tornar realidade aos 47 anos, quando a sua colação de grau foi realizada. A perseverança de Francisco nunca deixou o tempo levar o seu sonho.

O careirense-da-várzea era vascaíno doente e sempre dizia: “O Vasco pode cair três vezes que eu não deixo de torcer”. Mas a sua paixão pelo Vasco nunca impediu a sua paixão pelo irmão José, que é flamenguista.

Quando criança, diariamente ele reunia seus irmão ao meio-dia e, com a sua fita cassete, ensinava os hinos dos clubes de futebol e também o jogo de botão. O futebol era a sua outra paixão. Se um amigo aparecesse em sua frente chamando para uma pelada, Francisco não pensava duas vezes e saía correndo para jogar bola.

Ele sentiu medo de ser levado pelo coronavírus, mas a sua alegria e vivacidade ficaram eternizadas nos corações de quem viveu junto a ele.

Francisco nasceu em Careiro da Várzea (AM) e faleceu em Manaus (AM), aos 47 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pelo irmão de Francisco, José Raimundo Maquiné Junior. Este texto foi apurado e escrito por jornalista João Vitor Moura, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 20 de junho de 2020.