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Francisco José de Moura

1949 - 2021

Dono de uma personalidade imperturbável, gostava de prazeres simples, como jogar damas na pracinha.

Um esposo, pai e avô muito dedicado à família que amava dirigir sua Kombi. Tinha paixão por todos os animais, principalmente por sua cadela Pretinha; aonde ele ia ela também estava...

Passou por muitas lutas na vida, e nunca perdeu a fé; sempre devoto de Nossa Senhora da Abadia, participou de várias romarias. Algumas vezes não conseguiu completar o percurso, mas ele não desanimava; no ano seguinte tentava outra vez, e por várias vezes conseguiu concluir a sua caminhada de fé, e mesmo depois de idoso e de algumas cirurgias não desistia. Todos os anos prestava sua homenagem para sua Santinha de devoção.

Gostava também de fazer uma "fezinha", jogar truco, jogar dama com seus amigos aposentados na pracinha, às vezes passava horas por lá, entretido, e quando ia ver as hora... já era noite.

Tinha seu jeitinho "ranzinza" de reclamar das coisas, principalmente se não estivessem do seu agrado, mas todos sabiam que era só marra dele, e que lá dentro tinha um coração grandão onde cabia muita gente.

"Tem um episódio entre tantos que eu gostaria de destacar: no ano de 2009 quando meu pai ia fazer 60 anos, foi também o ano em que me casei, meu pai sofreu um infarto, faltando um mês para o meu casamento. Na hora eu me desesperei e disse ao meu noivo que não ia mais ter casamento; afinal, como eu poderia me casar sem meu pai na igreja? Meu pai precisou fazer um cateterismo e colocar dois stents, quando pensamos que estava tudo bem, ele apresentou uma infecção e precisou ficar mais tempo no hospital. Quando faltava uma semana para o casamento, ele saiu de alta hospitalar. Como eu não sabia se ia mais ter casamento na igreja, havia parado todos os preparativos, mas ele me disse que não, que ia me levar ao altar com certeza. E no dia 19 de setembro de 2009 meu pai subiu comigo ao altar, e mesmo fraco, ficou até o fim, e ainda dançou comigo na festa!", relembra a filha.

"Tantos momentos e lembranças, que eu passaria horas escrevendo e não contaria tudo. Enfim... nunca vou me esquecer da pessoa forte e perseverante que meu pai sempre foi, mesmo acamado e com dificuldade para respirar, se mostrava disposto para não nos preocupar, ele tinha muita vontade de viver."

Francisco era aposentado e levava uma vida tranquila; não interferia nem se intrometia na vida de ninguém, tinha sua opinião formada e gostava que fosse respeitada. Amava os netos e fazia de tudo pra agradá-los. Tinha a mania de dizer que estava bem mesmo não estando, às vezes porque não gostava de remédio nem de hospital. Foi um pai exemplar, marido excepcional e avó amoroso.

Francisco nasceu em Ituiutaba (MG) e faleceu em Uberlândia (MG), aos 71 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pelas filhas de Francisco, Aline Lima de Moura Fonseca e Regina Lima de Moura Marinho. Este tributo foi apurado por Rayane Urani, editado por Ana Macarini, revisado por Ana Macarini e moderado por Ana Macarini em 5 de abril de 2022.