Sobre o Inumeráveis

Francisco Prata Júnior

1957 - 2021

Tinha um jeito carinhoso e peculiar de chamar a todos" "bonitão" e "bonitona".

Francisco era mais conhecido como Chiquinho, em família, e Prata pelos amigos e colegas de trabalho.
Com seu jeito muito brincalhão, amava esconder os chinelos das pessoas, colocava gelo dentro das roupas, assustava com plantinhas que encontrava pelo caminho, dentre outras coisas... e ninguém conseguia se irritar, porque a felicidade e risada dele eram contagiantes.

Thamiris, sua filha, conta: “Meu pai era muito querido, tanto pelos adultos como pela criançada que amava as brincadeiras e eu morria de orgulho porque era o meu pai. Eu e meu irmão sempre trouxemos amigos em casa. Meu pai e minha mãe recebiam a todos muito bem, temos orgulho dos nossos pais”.

Ele não parava quieto dentro de casa, sempre reformando ou inventando algo novo no seu cantinho da marcenaria. Era banquinho, mesa, organizadores, vaso, tudo o que você pode imaginar. Ele fazia e a esposa decorava.

Era Sargento reformado da Polícia Militar e estava quase se aposentando do seu segundo trabalho. Era especialista em legislação de trânsito, trabalhava na CET, onde assessorava a diretoria da empresa, além de atuar em palestras de direção defensiva e ser instrutor no curso para carteira profissional, entre outras atividades.

Na opinião do colega e Presidente CET-Santos, Antônio Carlos Silva Gonçalves: “O Prata era extremamente competente, sério, reservado, concentrado e comprometido com a empresa e amigo. Ficam os exemplos que praticou na caminhada dele com a gente".

Era solidário e ajudava com praticidade. Fazia tudo em silêncio, só se ouvia o barulho do martelo, da serra, da lixa ou ele gritando para pedir alguma ajuda à esposa e depois mostrava a arte todo feliz. Assim ajeitava a própria casa, as dos filhos e a de familiares em Juquehy. Onde houvesse alguma coisa para fazer, lá estava ele sempre disposto a colaborar.

Chiquinho alegrava os encontros com a família e o Prata alegrava o local de trabalho. Ele amava contar as histórias da época do quartel e da polícia e todos sentiam sua felicidade ao lembrar desses momentos e não só riam junto com ele, como também recontavam essas boas histórias para os amigos.

Gostava muito de cozinhar e era tão organizado que deixava tudo picadinho antes do preparo. Os pratos feitos por ele ficavam excelentes e, para completar, utilizava umas pimentas deliciosas que só ele fazia. Na hora do almoço ele sempre agradecia à vida, ao trabalho e à família que possuía.

Chiquinho fez uma horta e ficava muito orgulhoso e feliz por poder plantar na sua própria casa e ver as verduras, legumes, frutas e temperos crescerem. Rotineiramente, depois do almoço tirava uma soneca e no final do dia via um filme acompanhado de queijos e vinho.

Nas horas de lazer gostava de jogar tranca, jogo que ele ensinou a muita gente, e era bom fazer dupla com ele se quisesse vencer! Amava viajar para a praia, caminhar pela natureza, subir morro, andar pelas pedras, pegar mariscos e ensinar a “pegar jacaré”, coisa que era muito bom também.

Conta, ainda, Thamíris: “Sempre ativo e jovial, gostava de ir a Peruíbe, pra casa da tia Dete, onde o riozinho juntava com o mar. Uma vez fui com ele, remamos e quando estávamos bem longe das pessoas ele pediu pra eu parar de remar e curtir o silêncio, seguido dos barulhinhos da natureza. Foi muito bom! Meu irmão também tem muitas lembranças com ele, aliás, a família inteira, porque nos reuníamos muito por lá e, por isso escolhemos esse lugar para depositar as cinzas dele. Um lugar que ele se sentia bem”.

E finaliza dizendo: “Bonitão, obrigada por tantas memórias lindas que você deixou por aqui. Te amamos e sentimos sua falta”.

Francisco nasceu em Santos (SP) e faleceu em Santos (SP), aos 63 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha de Francisco, Thamiris Monteiro Prata. Este tributo foi apurado por Larissa Reis, editado por Vera Dias, revisado por Bettina Florenzano e moderado por Rayane Urani em 11 de abril de 2022.