1937 - 2020
Era o olhar protetor da família. Na praia, enquanto os filhos construíam castelos de areia, ele os protegia com o guarda-sol.
Apelidado carinhosamente de Chicão, seu olhar de ternura e suas brincadeiras tornavam leves as situações mais difíceis.
Seu Francisco, apesar das comorbidades, nunca se deixou abater e viveu com leveza, tornando cada instante precioso.
Para sua amada Mili, ele era o Nego. Conheceram-se no trabalho, foi amor à primeira vista. "É com aquela morena que eu vou casar", dizia ele aos amigos. Juntos, construíram uma linda família com três filhos.
Era um pai extremamente carinhoso e protetor ─ o guarda-costas oficial dos filhos.
No final do ano e nas férias, a família ia à praia na Vila Tupi ou no Boqueirão. Apesar das dificuldades financeiras, fazia o impossível para presentear as crianças nas festas de fim de ano, quando, na verdade, o presente sempre foi a sua ilustre paternidade.
Dedicado aos seus, deu aos filhos tudo o que ele mesmo não pôde ter.
Seu Francisco, com o seu jeitinho único, cativou os netos. Foi ele quem ensinou futebol aos meninos e, com as meninas, divertia-se feito criança, satisfazendo todos os caprichos delas.
Dono de uma honestidade inquestionável, bastavam uns centavos a mais para ele retornar ao estabelecimento para devolver o que lhe havia sido dado por engano.
Amante da música, suas preferidas eram as dos anos 50 e 60 – os sambas e a velha-guarda sempre o acompanharam. "Quando ouvia, já saía dando passinhos e fazendo movimentos de batuques com as mãos, como se estivesse tocando um pandeiro. Não tinha como não se contagiar com tamanha alegria", conta a filha Soraia.
Desfrutou do cuidado da família até seu último suspiro. "Era muito teimoso, não gostava de comer adequadamente, com o pretexto de engordar. O brilho dos seus lindos olhos verdes nos acalmava, animava e então o enchíamos de abraços e beijos", diz a filha.
As despedidas foram feitas ao som das músicas favoritas de Chicão, com muitas declarações de amor e orações. A família diz um "até logo" e guarda no coração a memória daquele que foi os olhos de proteção e as mãos de amor, o porto seguro de todos.
Francisco nasceu em São Paulo (SP) e faleceu em São Paulo (SP), aos 83 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pela filha de Francisco, Soraia Rizzo. Este tributo foi apurado por -, editado por Tayla Gomes de Souza , revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 2 de janeiro de 2021.