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Francisco Vieira de Araújo

1929 - 2021

Era comum ele colocar sua cadeira na frente de casa e cumprimentar as pessoas que passavam pela rua.

Pai amigo e de bem com a vida. "Meu pai gostava de conversar tomando um cafezinho ou bebendo uma água de coco. Nessas conversas, ele falava das viagens que fez quando estava na ativa como marinheiro", conta Cristina, sua filha.

Devido à sua profissão, viajou o mundo e fez muitos amigos. Como nadava muito bem, ainda jovem salvou um colega, que havia caído no mar, de se afogar. "Meu pai ganhou até uma foto com a inscrição do feito", relembra a filha.

Era um pai amoroso e cuidadoso com a família. Amava crianças, ria das brincadeiras delas e aproveitava para contar suas histórias para os netos e os bisnetos.

Francisco era um homem de hábitos simples, que estava sempre de bom humor e disposto a uma conversa. Não à toa, a vizinhança gostava muito dele.

Adorava refeições fartas, ainda mais quando vinham acompanhadas de um "peixinho na mesa", como dizia ele. Para ficar perfeito, gostava de ter a companhia dos amigos e dos familiares para que ele pudesse contar suas histórias. Então, no final da tarde, depois de comer, tirava um cochilo.

Com a aposentadoria, redescobriu o prazer de viajar e valorizar as amizades, pois, antes, as viagens normalmente eram por conta do trabalho. Planejava ir ao Nordeste e voltar às suas origens.

Francisco também era o lavador de louça oficial nas festas de família. "Ele encostava na pia e lavava tudo, não gostava de louça suja e sempre ajudava na cozinha", conta a filha. Lógico que, depois da refeição e da trabalheira, ele sentava para tomar seu cafezinho. Às vezes, acompanhado do café, ele comia o seu famoso doce de banana coradinho, uma delícia!

"Há tantas coisas bonitas pra lembrar. Homem amoroso, dono de uma risada gostosa! Que saudades!", lembra Cristina, com carinho.

Francisco nasceu em Maruim (SE) e faleceu no Rio de Janeiro (RJ), aos 91 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha de Francisco, Cristina Carvalho de Araujo. Este tributo foi apurado por Rayane Urani, editado por Ticiana Werneck, revisado por Tatiani Baldo e moderado por Rayane Urani em 26 de maio de 2021.