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Francisco Wagner Lourenço da Silva

1984 - 2020

No futebol, era o Vasco; no Carnaval, o bloco Os Imorais: duas paixões que o faziam chorar de alegria.

Wagner, era assim que o chamavam. Ele foi pai, esposo, amigo e um trabalhador muito dedicado ao que fazia. Filho de Carlinhos e Maria, era muito amado por eles. Se havia algo que queriam para o filho, era a sua felicidade. Todas as diferenças eram superadas pelo respeito que tinham por ele. Seus irmãos, Wanduir, Daniele e Suzane, estavam sempre presentes em sua vida, principalmente nas datas comemorativas. Os aniversários eram momentos de muita alegria gravados na memória afetiva de todos. Casado com Cláudia Geovana, Wagner sempre foi companheiro e tinha por ela um grande amor, estendido aos filhos que vieram do casamento.

“A filha, Hillary, sofreu muito como a perda do pai, pois eram muito grudados. O pai não sabia negar-lhe um pedido e sempre fazia suas vontades com o maior amor do mundo”, conta seu amigo Gilberto. Viveram momentos de muito carinho e afeto indo juntos à praia, à piscina e a outros lugares onde sempre se divertiam muito.

O filho mais novo, Heitor, não teve a chance de conviver com esse pai tão querido e sempre presente na vida da família, pois tinha apenas seis meses quando o pai faleceu. Quando crescer, vai saber como era essa pessoa querida que o trouxe ao mundo e que com certeza o encheria de mimos e muito afeto.

Wagner trabalhou dezessete anos em uma rede de supermercados onde fez amigos e dedicou seu tempo e conhecimento para fazer o seu melhor. Quando estava de folga do trabalho ia até à feira livre de Canguaretama para ajudar o sogro, feirante, e a esposa nas vendas. Trabalhador incansável, ainda ajudava em casa no que fosse preciso.

Com a proposta da esposa de começarem um empreendimento com camarões, ele passou a vendê-los e a ser chamado de Wagner do Camarão. “Era um vendedor muito animado, que sabia deixar a clientela bem satisfeita com seu atendimento”, lembra o amigo Gilberto.

Nas horas livres, Wagner gostava de reunir os amigos em sua casa para tomar uma cerveja. “Dava muito valor às amizades verdadeiras, à família e preocupava-se com todos”, conta Gilberto. Tinha paixão pelo Vasco da Gama e quando a equipe jogava contra o Flamengo era fundamental que os amigos viessem, para compartilhar sua alegria ao ver o time jogar. Momentos de celebrar, principalmente a amizade!

O Carnaval era outra paixão de Wagner. Foi presidente do tradicional bloco Os Imorais, que há cerca de quarenta anos alegra a cidade e fazia de Wagner um folião dos mais felizes. Foram dezoito anos de carinho e amor pelo bloco, como integrante, e doze como presidente. Momentos de muita alegria, que estão gravados na memória dos foliões amigos!

Gilberto, o amigo de infância, conta que moravam na mesma rua e gostavam de jogar bola em um campinho de futebol. Construíram uma amizade tão forte que resolveram estreitar ainda mais os laços de afeto tornando-se compadres: Wagner era padrinho da filha de Gilberto e este padrinho de Hillary.

Heitor chama Gilberto de papai. O amigo de uma vida inteira, que sente muita saudade de Wagner, terá a chance de continuar contando e relembrando a história bonita que o pai de Heitor construiu com sua família e seus amigos.

"Mais uma estrelinha brilhando no céu", dirão para o pequeno Heitor.

Francisco nasceu em Canguaretama (RN) e faleceu em Natal (RN), aos 36 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pelo amigo de infância e compadre de Francisco, Gilberto Matias. Este tributo foi apurado por Luisa Pereira Rocha, editado por Míriam Ramalho, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Rayane Urani em 8 de novembro de 2021.