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Genésio de Souza

1930 - 2020

Homem de sábios conselhos que tocava o berrante para celebrar a chegada dos entes queridos.

Seu Genésio era uma pessoa simples e incrivelmente querida. Nascido no interior de Minas Gerais, conseguiu criar os sete filhos, curtir e ver nascer os doze netos e quatro quatro bisnetos. Orgulhava-se de ter conseguido "estudar e formar" todos eles.

Alegre e amoroso, o filho da indígena, Maria Antônia de Jesus, e do português, João Martins de Souza, tocava seu berrante para celebrar a chegada dos entes queridos. Era muito correto e bom conselheiro. Sempre gentil com as pessoas, gostava muito de reunir a família.

Trabalhou vendendo tecidos, frangos e também foi motorista. Inclusive, fez questão de manter renovada sua carteira de motorista - símbolo de sua independência - até o fim da vida.

Tinha sempre um aperitivo e uma história a postos pra receber calorosamente os netos. Seu berrante e uma sanfoninha alegravam o ambiente e iniciavam os encontros de família. Era ótimo companheiro de dança, gostava muito de dançar um forró e até arriscava uma valsinha.

Genésio tinha sábios ─ e pontuais ─ conselhos: "use sempre a ferramenta certa", "vá pelas vias preferenciais", e "cada coisa tem seu devido lugar" eram frases que faziam parte do seu dia a dia. Com a simplicidade de sempre, muita sabedoria e já internado, ele enviou um áudio para a família dizendo: "Fiquem bem. Eu estou bem. Nada me amola".

"Descanse em paz, vovô. Você também está no seu devido lugar: pra sempre em nossos corações!", responde a neta Laura.

Genésio nasceu em Morada Nova de Minas (MG) e faleceu em Belo Horizonte (MG), aos 89 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela neta de Genésio, Laura Alice Souza da Silva. Este texto foi apurado e escrito por Lígia Franzin, revisado por Luana Bernardes Maciel e moderado por Rayane Urani em 22 de março de 2022.