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Gilda Helena Vianna Orfanelli

1947 - 2020

Jeito e coração alegre.

Gilda ficou órfã de mãe aos nove anos, estudou em um colégio interno. Posteriormente, aos 15 anos, morou na fazenda de seus parentes, onde conheceu o homem de sua vida, com quem se casaria dois anos depois.

O jeito como se gostavam era incomparável a qualquer história de amor, ele era louco por ela. Nessa intensa paixão, Gilda construiu sua própria família.

Criou duas filhas para serem felizes e nunca podou suas asas. Mas, sabia ser rígida quando necessário.

Carinhosa e prática: "Caiu? Cuidou. Mas agora, bola pra frente". Possuía um mantra próprio: "Quem não ouve cuidado, ouve coitado”, que consistia em: Quem não dá ouvidos a um aviso, sempre irá lidar com as consequências depois.

Gilda nunca trabalhou formalmente, mas era responsável por praticamente tudo dentro de casa. A mandachuva, que fazia as coisas funcionarem. Porque, além de cuidar de suas meninas, era ela quem tomava a frente das obrigações.

Era um pouco difícil de se agradar. Pintar? Não gostava. Fazer tricô? Um horror. Bordar? Nunca nessa vida. Mas poderia passar o dia inteiro assistindo televisão.

Além disso, adorava e passava horas escutando Gil Gomes e suas histórias repletas de desventuras, no rádio. De alguma forma, esta programação fazia qualquer problema parecer menor.

Sempre estava presente nas aulas de hidroginástica e amava passear, era uma companhia e tanto.

Era uma mulher doce, muito animada e alegre, de forma que, ao experimentar alguma roupa, dançava na frente do espelho.

Levava felicidade em seu balanço e preenchia os cômodos com sua voz.

Sortudo era aquele que podia ouvi-la cantar.

A história do marido de Gilda também está guardada neste Memorial, e você pode conhecê-la ao procurar por Antônio Orfanelli.

Gilda nasceu em São José do Rio Preto (SP) e faleceu em Jundiaí (SP), aos 72 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela filha de Gilda, Soraia Fátima Orfanelli. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Gabriela Möller, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 22 de julho de 2020.