1910 - 2020
"Bora dançar? Coloca uma música alegre!" era o convite que sempre se ouvia de dona Gracinda.
A idade nunca foi o limite para dona Gracinda. A paixão por dançar e por músicas alegres ultrapassavam qualquer limitação. As pernas nunca cansavam. E não tem como imaginá-la sem a famosa toalhinha no pescoço, para que pudesse danças por horas a fio.
Era luz e a tristeza nunca lhe foi uma opção. Mesmo com a falta de visão, Gracinda tinha o dom de ver além da alma de quem quer que fosse.
As balas de coração eram sua marca registrada. Sempre andava com os bolsos cheios, para que pudesse distribuir seus corações a quem quer que fosse.
Quando podia, dava dinheiro escondido aos netos. E, em todas as vezes, sabia qual era a quantia exata que tinha dado. Quando os netos a questionavam, a resposta sempre era "Eu tô cega e não doida".
Amava dormir até tarde. E a banana era sagrada em sua rotina: comia depois do almoço com farinha. Galinha caipira, de longe, era o que mais gostava de cozinhar.
"Ah, se eu for contar todas as histórias de minha vó, além de chorar muito com saudades, não sobrará tempo", lembra, com carinho, sua neta de coração.
A mensagem que dona Gracinda sempre deixou foi "Vivam intensamente, mas, acima de tudo, dancem, dancem muito". Foi esse lema que a permitiu viver 109 anos. Deixa saudades da pessoa cheia de luz e alegria que sempre foi.
Gracinda nasceu Belém (PA) e faleceu Belém (PA), aos 109 anos, vítima do novo coronavírus.
História revisada por Mariana Coelho, a partir do testemunho enviado por neta de criação Lene, em 21 de maio de 2020.