1968 - 2020
A gentileza em pessoa, distribuía bom humor com seriedade e disciplina.
Hamilton sempre foi uma criança que se destacava. Jogava basquete, vôlei e xadrez na infância. Era difícil achar algo que ele não soubesse ou conseguisse fazer, afinal era extremamente determinado em qualquer tarefa que começasse.
Tinha apenas 20 anos quando perdeu a mãe, vitimada por um câncer. Juntamente com seu irmão, foi um verdadeiro pai para a irmã mais nova, Rita. Começou a trabalhar aos 14 anos, como office boy. Aos 18, sua garra e seu esforço proporcionaram a aprovação em um concurso para Policial Militar, função que exercia para ajudar nas despesas de casa e tentar diminuir a dor da família, por conta da mãe doente em casa.
Na profissão de agente escolar, ele se encontrou. O contato com a educação despertava o mais belo de sua essência. Com o apoio da esposa e da filha, que acreditavam em todos os seus sonhos, concluiu o curso de Geografia, e fazia planos de prestar o concurso para ser professor do Estado, em 2021. Suas expectativas e projeções para o futuro eram lindas.
O belo casamento, de 30 anos, trazia alegrias diárias e o constante sentimento de realização ao lado de Sueli. Ela guarda consigo nas memórias as idas ao teatro, os passeios de bicicleta e as músicas compartilhadas entre o casal. “Era como um anjo que cuidava de mim”.
Rancor era um sentimento que não existia em Miltinho.
Nas palavras de Maria Helena, seu fruto mais precioso, está uma característica marcante de Hamilton: “como pai, sua força não estava em ser perfeito, mas em tentar mudar as coisas em que ele não era bom”.
Mesmo nascido na década de 60, estava em constante desconstrução, buscando a melhor maneira de tratar os amigos da filha, para que eles não se sentissem desconfortáveis.
Exímio leitor, mandava comentários para o jornal, que em algumas vezes foram publicados. Sua clareza de ideias impressionava todos.
Hamilton deixa a filha, que com ele aprendeu a dirigir; a esposa, que ao seu lado descobriu o amor; e a irmã, que teve o melhor exemplo de integridade.
Professor da vida, Hamilton só não ensinou como superar tamanha dor desde que partiu.
Hamilton nasceu em Aracaju (SE) e faleceu em São Paulo (SP), aos 51 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela irmã de Hamilton, Rita de Cassia Menezes Neves. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Ygor Expedito Gonçalves, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 20 de junho de 2020.