1963 - 2020
Generosa, em seu coração cabia o mundo, a família, os amigos, as pessoas em situação de rua, as plantas e os animais.
Helena foi a personificação da força e da empatia. Teve uma história que não foi muito simples, nem muito fácil. Precisou ser forte desde bem nova, e sempre continuou de pé lutando. Nunca se entregou, e se tornou uma mulher admirada por tanta coragem.
Foi mãe pela primeira vez aos 16 anos, e no início “era uma menina cuidando de outras crianças”. Com o tempo, foi amadurecendo e descobrindo como exercer essa maternidade. Passou a conhecer uma força dentro de si que a movia a transformar o mundo, da mesma forma que sentiu uma grande mudança em si mesma. Depois de um tempo, tinha como companhia sua neta, que a admirava e a ajudava, com um amor sincero e puro.
Sempre teve uma vida muito simples, mas o pouco que tinha fazia questão de dividir com outras pessoas que também precisavam. Essa era sua forma de iluminar o mundo. Não dizia "não" a ninguém; sentia-se realizada quando conseguia algo pelas outras pessoas; e se encantava por quem, apesar de qualquer riqueza, permanecia com a simplicidade reinando no coração.
Helena era voluntária e amava o que fazia. Cuidava de pessoas em situação de rua, fazendo comida e realizando encontros semanais no centro da cidade. Era sua luta diária que ocupava a maior parte de seu tempo. Sua filha Chaiane conta que, se pudesse, Helena abriria mão de seu emprego para viver só do voluntariado. E como diz Vânia, sua amiga, "Helena arregaçava as mangas e ia trabalhar sem que precisasse ser solicitada. As pessoas a chamavam de mãezona ou coisas assim, eles a amavam”.
Ela se entregava inteira às outras pessoas. Nas palavras de Vânia, “não era só cumprir uma missão, não, ela fazia de coração. A gente sentia”. Quando não estava focada nisso, Helena trabalhava como uma costureira de mão cheia, era tudo muito bem-feito. Por um tempo, quando ainda era adolescente, Chaiane acompanhou a mãe nas costuras. Quando tinha um tempo livre, gostava de ir à praia e pescar com seu marido, que, por sua vez, também a acompanhava no trabalho voluntário.
Um exemplo de delicadeza até na forma de tratar os animais e as plantas. Às vezes, para quem não conhecia, parecia que ela conversava sozinha o dia todo, mas a verdade é que sempre tinha alguém recebendo suas palavras: os peixes, os pássaros e as plantinhas.
Foi uma mulher muito franca e aberta, falava o que tinha que falar, fosse bom ou não tão bom assim. Cativava a todos com o seu coração tão bonito, um modelo de caridade e entrega. Era uma companhia gostosa, leve e agradável. Para Vânia, “A história dela não pode ser esquecida. Temos que dar muito valor à vida dela. Foi um ser humano e um espírito de luz”.
Helena buscou melhorar a cada momento apesar de toda dificuldade. Iluminou a vida de todos que a rodeavam.
Helena nasceu em Laranjeiras do Sul (PR) e faleceu em Curitiba (PR), aos 58 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela amiga e pela filha de Helena, Vânia Vieira Juschaka e Chaiane Olenik Felicetti. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Gabriela Pacheco Lemos dos Santos, revisado por Paula Queiroz e moderado por Rayane Urani em 30 de junho de 2021.