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Helio Jugurta Silva Lima Cabral

1936 - 2020

Transformou o futebol de botão em uma tradição familiar, passada de uma geração a outra.

Helio era o tipo de pai que passava as manhãs brincando com o filho.

Depois, como avô, continuou transformando brincadeiras em afeto. Durante a recreação, os jogos mais requisitados eram os famosos da década de 80: futebol de botão, playmobil, autoramas e afins. Mas, não era só isso que o caracterizava como “paizão”, ele foi presente na vida dos filhos e, quando presente, estava lá por inteiro.

Amante de Samba e MPB, seu repertório musical era composto de boa companhia como Gilberto, Toquinho, Beth e Martinho. Em suas aventuras musicais tinha o prazer de eleger “A Música do Ano”, Aquarela, de Toquinho, foi uma das eleitas. Apesar de o seu coração ser do Samba, chegou a acompanhar o filho em shows de Rock e ainda arriscava fazer gravações, que segundo o próprio filho, ficavam “terríveis”; mas mesmo assim, os dois acabavam ouvindo as gravações repetidamente após os shows.

Outra antiga tradição familiar, criada por ele, foram as viagens de camping. Ele viajava com toda a família para inúmeros lugares, principalmente para as regiões sul e nordeste. Essas viagens foram apenas uma passagem dentre os 64 anos que passou casado com Zoé, alagoana que conheceu no Rio de Janeiro e que se tornou sua companheira de jornada. Foi na capital alagoana que encontraram o verdadeiro significado de “beijo azul”, uma referência à música Aquarela.

Em seus últimos anos de vida os papéis acabaram se invertendo e sua filha assumiu a tarefa de cuidá-lo. No fim, ele continuou como foi em toda a sua vida: dono de uma tranquilidade indescritível.

Helio nasceu em Salvador (BA) e faleceu em Maceió (AL), aos 84 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pelo filho de Helio, Helio Jugurta. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Jaqueline Martins, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 30 de junho de 2020.