1948 - 2020
Na lembrança da sobrinha, ele foi o tio que a embalou ao som de canções.
Esta é uma carta aberta de Jackeline Marques da Silva e Rani Mary para o tio Henrique:
"Henrique Marques não tinha status, cargo social elevado, não era figura pública. Para a sociedade, era só mais alguém. Mas, para nós, ele era tudo. Era um irmão, um tio, era como um pai, um filho, era o nosso tesouro, tão precioso, que Deus levou de nós. Ele cuidou do pai e da mãe durante anos, com uma dedicação tal que até esquecia de si mesmo.
Era teimoso e de gênio forte, mas seu coração era imenso. Adorava pescar, cantar, jogar dominó, bater pernas e andar de bicicleta. Parou quando a depressão se aproximou dele. Tentamos de tudo para afastá-la. Tio Henrique estava voltando a cantar, a sorrir, a caminhar mais firme de novo.
Mesmo nos seus piores dias, não reclamava. Estava sempre no mesmo tecó. O seu sorriso alegrava nosso coração, nos ajudava a seguir em frente. Nunca vamos esquecer seu sorriso, nossas brincadeiras, as músicas que cantava e com as quais nos embalava quando crianças, seus ditados...
Não queria ficar velho, caducando e nem dependendo de ninguém. Você foi tão bom nessa vida que Deus atendeu seu pedido. Por essa pandemia tivemos que nos afastar de você, a covid-19 foi a causa da sua partida. Não houve despedida entre nós...
Somos gratos pelo convívio com você, pelas lições tão importantes que aprendemos. Vamos amar você, tio Henrique, para sempre. Você plantou amor e colheu nossa eterna gratidão e nossas saudades. Um elo de amor não se rompe com a morte. Essa vida é apenas uma passagem. Um dia nos reencontremos. Nunca nos disse adeus, apenas 'Até!'"
Henrique nasceu em Santarém (PA) e faleceu em Santarém (PA), aos 72 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pelas sobrinhas de Henrique, Jackeline Marques da Silva e Rani Mary. Este tributo foi apurado por Lígia Franzin, editado por Joaci Pereira Furtado, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 14 de agosto de 2020.