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Hermínio Escobar

1933 - 2020

Um homem apaixonado pela esposa e dedicado à família.

O “Seu Hermínio” foi um homem bom, íntegro, honesto, trabalhador, com uma fé inabalável em Deus e em Nossa Senhora Aparecida. Apaixonado pela família, dedicava um amor incondicional à sua esposa, a Dona Felixa, a quem raramente deixava de dar uma flor ou o melhor pedaço da carne do churrasco de domingo.

Sempre soube que a saída da pobreza e do trabalho braçal viria por meio dos estudos. Por isso, fez de tudo para que seus quatro filhos tivessem acesso às melhores escolas. Não sem muito sacrifício, conseguiu fazer com que todos pudessem terminar o colégio.

“Quanto orgulho sentiu quando todos passamos no vestibular e, mais ainda, quando nós, as filhas, nos formamos! Uma filha professora, artista, e a outra, médica. Quanto orgulho dos filhos também ele sentia. Um trabalhando com informática no Banrisul e o outro que se aventurou para um canto diferente do Brasil”, relembra Ana Lucia, uma das filhas.

E os netos? Quanta alegria e quanta dor com a Gabriela! Quanta felicidade com a Heloísa, com o Diego, com o Gustavo, com o Miguel e com o Rafael! E quanto o Seu Hermínio sentia que todos estavam tão longe!

A saudade fazia aumentar ainda mais a alegria e o prazer nos momentos em que a família conseguia se reunir quase por completa. Sempre cercada de um bom churrasco, uma bela caipirinha e uma cerveja gelada.

“Como estava feliz e garboso nas Bodas de Ouro! Com que fervor renovou os votos do casamento! Parecia um rapazola, todo faceiro!”, conta Ana Lucia. “E depois, na festa dos oitenta, na chácara das freiras, estávamos todos muito felizes. E meu pai, mais ainda, por receber amigos e familiares. Foi a última grande festa, mas não a última comemoração”, completa.

Depois disso vieram as quedas, as fraturas, as dores. Mas, ainda assim, a família comemorava a Páscoa, o Dia das Mães e dos Pais, os aniversários e o Natal, sempre com, pelo menos, um dos filhos presente, todos cientes da finitude da vida e do quão depressa tudo se esvai.

“Meus irmãos e eu podemos dizer que tivemos um grande pai”, diz Ana Lucia. Apenas um desejo do Seu Hermínio nenhum filho conseguiu realizar: o amor pelo Grêmio que, neste caso, não foi passado do pai para os filhos.

Parafraseando o apóstolo Paulo, Seu Hermínio lutou um bom combate, ganhou a corrida e guardou a fé.

“Nós ficamos com a saudade! E vamos sempre lembrar de você”, declara-se Ana Lucia em nome de todos os irmãos, da mãe, e de todo os que amam e seguirão amando o Seu Hermínio.

Hermínio nasceu em Passo Fundo (RS) e faleceu em Porto Velho (RO), aos 86 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha de Hermínio, Ana Lucia Escobar. Este tributo foi apurado por Andressa Vieira, editado por Fernanda Queiroz Rivelli, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 19 de outubro de 2020.