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Iêda Ludovina Castro Barbosa

1954 - 2020

Amava os amigos e a família. Organizava viagens como ninguém.

Nasceu na enfermaria Santa Ludovina, que ficava dentro da Santa Casa de Misericórdia do Pará, o que serviu de inspiração para o sobrenome. Tinha vários apelidos: Lu, Iedinha, Tia Iêda, Madinha, Iêiê e Dedê.

Assistente social por profissão, amante de viagens por vocação. Iêda viajou por quase todo o país, e fora dele também. Divertia-se muito planejando excursões. Era fã de organização: gostava de tudo da forma mais impecável e organizada possível. Era atenta aos detalhes e sempre caprichava em tudo. Não havia nada que ela não fizesse que não ficasse deslumbrante.

Como assistente social, foi coordenadora e dedicou-se por muitos anos ao atendimento de um grupo de idosos, o Grupo VIDA ─ Viver Intensamente com Dignidade e Amor ─, ao qual manteve seus atendimentos mesmo após a aposentadoria. Lá, realizava eventos e viagens em prol do lazer aos idosos. Coincidência ou não, o símbolo do grupo é um girassol: sua flor favorita.

Fazia parte da Pastoral da Pessoa Idosa e gostava de visitar, conversar e conhecer a história das pessoas. Sempre quis evidenciar que ser idoso não significava ser inválido ou sinônimo de inutilidade, muito pelo contrário. Graças a Iêda, muitos idosos que faziam parte do grupo enxergavam novamente alegria na vida.

Tinha dois grandes amores: a vida e os pais. Principalmente o pai. Cuidou dele enquanto foi possível e fez tudo o que estava ao seu alcance. A própria Iêda não era mais uma mocinha, mas cuidou do pai idoso e acamado até os últimos instantes. Com a mãe, que foi contaminada pelo novo coronavírus, foi a mesma coisa. Ela não arredou o pé e, mesmo tendo contraído a Covid-19 também, ainda assim permaneceu cuidando da mãe até onde foi possível.

A família e amigos eram os maiores diamantes de sua vida. Preocupava-se e importava-se com todos. Sempre foi sinônimo de família. Os amigos e familiares recorriam constantemente a ela, em qualquer situação, porque era ela quem ouvia, ajudava e orientava ─ era a base e o apoio de muitos. Sempre muito querida e disposta a doar seu tempo e afeto a quem precisasse. Era também capaz de perdoar, fossem ofensas ou desavenças que a atingissem. Nunca deu as costas a ninguém.

Para os amigos de trabalho, Iêda era sinônimo de dedicação, justiça e organização. Em casa, Iêda era aquela em que muitos procuravam colo, conselhos ou, simplesmente, a boa companhia para uma conversa.

Nunca teve filhos biológicos, mas teve muitos sobrinhos e afilhados, que a consideravam uma mãe. Sempre dava apoio e os incentivava a seguirem seus sonhos e a não desanimarem diante das dificuldades da vida. Era benevolente, altruísta e justa.

Os familiares e amigos sentem a perda todos os dias. Iedinha era indescritível. Iêda era luz. Iêda é luz!

Iêda nasceu em Belém (PA) e faleceu em Belém (PA), aos 66 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela sobrinha e afilhada de Iêda, Carolina Barbosa Neves. Este tributo foi apurado por Júllia Cássia, editado por Bárbara Aparecida Alves Queiroz, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 28 de novembro de 2020.