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Ilézio Almeida Oliveira

1945 - 2020

“A César o que é de César, a Deus o que é de Deus”, dizia aos filhos, ao educá-los.

Seu Ilézio era um homem muito cuidadoso, organizado e rigoroso. Mas esse rigor não fazia dele uma pessoa carrancuda ou rígida. Ao contrário, ele envolvia todo mundo nessa organização, pelo seu jeito acolhedor de educar.

Os filhos falam dele com tamanha ternura que fica evidente a profunda admiração que ele lhes causava e sempre vai causar. E as histórias sobre ele vão sendo relembradas suavemente...

Tinha hábitos e prazeres muito marcantes na memória dos filhos. Amava churrasco, passear e a vida no campo. Sonhava ir morar no sítio do filho Edson, que lembra de si mesmo como um “carrapato” no pai e que, assim, aprendeu tudo o que sabe com ele. Sentar-se à sombra da árvore que plantaram juntos, comer a comida boa da filha Edna. Mas era bom que fosse pontual, senão ele já cobrava, com seu jeito gentil, mas exigente...

A filha e a neta se emocionam ao falar de sua semelhança com o ator Lima Duarte. Mas, pelo que contam, essa semelhança é muito mais com o “Sassá Mutema” que com qualquer outro personagem do ator. Afinal era um homem simples, risonho e correto. Muito correto, aliás.

Das histórias das pescarias que ele tanto adorava, tem uma que provoca um sorriso quase gargalhado. Ele, como era extremamente cuidadoso, ao decidir pescar à noite e temendo adormecer depois de um dia de trabalho, fincava uma estaca firme e amarrava a si próprio nela, para garantir que não cairia no rio. Essa estratégia causava sempre muitas risadas entre os sobrinhos, irmãos e o cunhado Mauro.

Os últimos tempos ficarão nas lembranças de todos pelo tanto de alegria que ele e a sua amada vinham demonstrando, sempre sorridentes, às vezes às gargalhadas.

Pelo que parece, ele convidou, para um churrasco no céu, o sogro e o primo emprestado da esposa, já que os dois o seguiram depois de pouco tempo.

Ao chegar no céu, provavelmente acenou, de maneira respeitosa, com seu boné azul, como sempre fazia.

Ilézio nasceu em São Paulo (SP) e faleceu em São Paulo (SP), aos 74 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha de Ilézio, Edna Almeida Oliveira. Este tributo foi apurado por Hélida Matta, editado por Hélida Matta, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 13 de agosto de 2020.