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Ivair Ângelo de Lima

1966 - 2020

Gostava de estar rodeado de sorrisos: nas fotos que deixou, sempre há uma turma diferente dividindo a imagem.

Ivo fazia o tipo cheio de amigos. Começou a trabalhar cedo, mas nunca faltou tempo para festejar com as pessoas que ele amava. Tomar cerveja, fazer churrasco, passar o dia na praia e viajar pelo Rio de Janeiro eram as opções favoritas.

Após o divórcio, decidiu morar com a mãe. Cuidava dela com muito carinho durante a semana. Já sábado e domingo eram dias de diversão, não importava mês ou estação do ano.

Fez de tudo um pouco profissionalmente. Jovem, trabalhou numa fábrica de cigarros. Permaneceu nela por muito tempo e depois migrou para a construção civil. Mas o talento social não passaria despercebido, e a realização veio mesmo foi com o desempenho na área de Recursos Humanos. Sempre criando vínculos cheios de significado.

“Era gente demais: ele não trocava de grupos, ele formava novos grupos.” Ao pessoal da infância, somaram-se os amigos de cada novo trabalho. Afinidades descobertas em festas, encontros ocorridos nas viagens e nos passeios, a lista seguia crescendo.

Viola era seu apelido, que ganhou ainda bebê porque não parava de chorar e que virou marca registrada. A mãe exausta repetia: "Chora igual uma viola". A brincadeira pegou. Sempre gostou de receber atenção, tinha essas manias que são clichê de filho caçula.

Ivair nasceu em Rio de Janeiro (RJ) e faleceu em Rio de Janeiro (RJ), aos 53 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pelo irmão de Ivair, Ivo Angelo. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Juliana Parente, revisado por Walker e moderado por Rayane Urani em 11 de julho de 2021.