Sobre o Inumeráveis

Ivete de Carvalho Queiroz

1955 - 2020

Nas festas de Natal ela irradiava alegria por estar junto dos seus, em sua tão sonhada casa própria, dançando ao som de Amado Batista.

Ivete foi uma mulher que jamais fugiu da luta. Quando criança, foi adotada pela melhor amiga de sua mãe, Petronilia, que proporcionou a ela uma família completa, com irmã, tios e sobrinha.

"Quando eu era pequena amava ir pra casa dela e ficar ouvindo os discos que ela tinha do Roberto Carlos, em especial a música Guerra dos Meninos. Hoje, tantos anos depois, eu ainda tenho o hábito de ouvir Roberto Carlos aos domingos e claro, me lembrar dela sempre que essa música toca.", conta a irmã de Ivete, Ana Paula.

Aos 14 anos Ivete teve seu primeiro filho, Paulo. Alguns anos depois conheceu Sebastião, o homem que viria a se tornar seu marido e parceiro de todas as horas. Juntos batalharam muito para ter uma vida boa e neste percurso, adotaram a filha Karoline. A família cresceu e com os filhos vieram os netos: Caio, Felipe, Paulo Filho e Polyanne.

"Ela sempre ajudou muito a gente. Me levou ao hospital quando fui ter a Polyanne, era presente nos aniversários das crianças, levava pra tomar banho de piscina no clube... No Natal, estávamos sempre juntos. Nestes momentos ela amava dançar e ouvir Amado Batista.", conta a nora e esposa de Paulo, Annemieke.

Como camareira de hotel, Ivete viu no resultado do seu trabalho a oportunidade de dar aos outros aquilo que ela mesma não pôde ter. Foi pelo fruto desse esforço que conquistou a casa própria, junto com seu marido, na Cidade Nova.

Aos 56 anos Ivete perdeu sua mãe e com muita sutileza, ela perpetuou os gestos que aprendeu: "Sem saber ela fazia igual a mamãe: de vez quando vinha e dizia 'toma um dinheirinho pra ti' do mesmo jeito que a mamãe fazia comigo.", lembra Ana Paula, que tinha uma relação especial com a irmã. E continua com as lembranças carinhosas: "Em todos os lugares que ela morou, eu fui de surpresa passar as férias. Quando ela me via se assustava 'Mulher, como é que tu chegou aqui?'. Eu pegava as cartas que ela enviava, anotava o endereço e ia parar lá."

"Me lembro que quando era mais nova, a gente gostava de sair pra merendar e pra ela não podia faltar uma Coca-Cola! Tenho boas lembranças das festas de Natal também, com todo mundo reunido.", conta Polyanne, neta de Ivete. Ainda sobre o Natal, Ana Paula lembra: "Eu e Paulo sempre ficávamos ansiosos esperando ela chegar com os nossos presentes".

Ivete deixa uma saudade imensa em toda a família.

Ivete nasceu em Fortaleza (CE) e faleceu em Fortaleza (CE), aos 64 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela neta de Ivete, Polyanne . Este texto foi apurado e escrito por Rayane Urani, revisado por Ana Macarini e moderado por Ana Macarini em 10 de abril de 2022.