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Izabel Correia Pereira

1956 - 2021

Acalmava tempestades com suas palavras e canções de sabedoria.

Caridosa e amorosa, Izabel praticava o catolicismo e sabia respeitar todas as religiões. Possuía uma fé inabalável e trabalhava na sua paróquia e na comunidade, levando o bem e a força que as pessoas precisavam, doando-se por meio de palavras e de carinho.

Suas filhas, Sueli, Susani e Simoni, relatam episódios que demonstram como ela vivia e enfrentava as dificuldades da vida: "Ela nos ensinou a seguir os caminhos de Deus nos momentos difíceis. Estava sempre forte e com um sorriso no rosto. Não desanimava diante das provações”.

Quando ouvia dizer que tinha uma família passando necessidades, ela imediatamente pedia ajuda para essa família. Fosse ajuda financeira ou emocional, qualquer que fosse a situação, estava sempre pronta para ajudar.

Sempre que as filhas apresentavam alguma dificuldade ela aparecia com algum conselho, alguma palavra sábia. "Nos tranquilizava fazendo a gente enxergar que precisávamos de calma. Ela receitava a calma como um remédio para as aflições: 'Calma, calma. Não se preocupe, tenha calma.'”

As filhas relembram os ensinamentos recebidos, nas frases que a mãe repetia vezes sem fim. "Minha mãe dizia: 'Aonde forem, vão com Deus. Quem tem Fé em Deus não se desespera. Nós passaremos por provações para testar a nossa Fé. E lembrem sempre que eu sou teu anjo'. E, realmente, nas palavras dela, nós sentíamos que era nosso anjo mesmo, pois tudo ficava leve. Enquanto fazíamos uma tempestade, era só ligar para ela que a calma vinha. Ela também cantava para nós, quando reclamávamos de alguma situação..."

O amor de Izabel não se restringia somente às pessoas de seu ciclo familiar, conforme contam as filhas: “Minha mãe se preocupava com as pessoas que estavam passando frio e necessidades, então saía perguntando se tínhamos roupas para doar porque tinha visto uma família necessitada.”

“Quando eram pessoas doentes, lá estava minha mãezinha para ajudar, levando a Palavra, a fé, a esperança. Tinha sempre uma palavra que trazia alegria para quem estava doente ou deprimido. Quando era perda, minha mãe se dispunha a ajudar em todos os sentidos. Fosse no velório, em orações, fosse em conversas, levando sempre amor, carinho, respeito e união.”

Desde do início da pandemia, Izabel só rezava. Tinha um caderno de oração e pedia por todos que estavam doentes e pelos que perderam seus entes queridos.

“Nossa mãe é digna das mais belas homenagens que possam existir, pelo ser de luz que ela foi. Uma mulher guerreira, forte, dona de um sorriso único. Só nos restam as lembranças e uma saudade eterna. Ela nos deixou a sua força como legado. Continuaremos vivendo, primeiramente por Deus, depois pela força da minha mãe, a eterna Vovó Fia.”

“Te amaremos para sempre, mãe.”

Izabel nasceu em Castilho (SP) e faleceu em São Paulo (SP), aos 64 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha de Izabel, Sueli Correia Pereira. Este tributo foi apurado por Lucas Cardoso e Andressa Vieira, editado por Vera Dias, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Rayane Urani em 8 de outubro de 2023.