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Jacir Ludtke

1947 - 2020

Plantava árvores e bondade. Sua principal colheita foi o amor.

Dizer que tio Jacir, assim chamado carinhosamente, era uma pessoa apenas boa não chegaria nem aos pés da imensidão que era esse homem intensamente virtuoso.

Seu jeito de viver transbordava os limites do seu coração e ia direto para o olhar de quem passasse por seu caminho.

“A pessoa mais bondosa que já conheci”, comenta sua sobrinha de coração e amiga Flavia.

Sua honestidade se destacava entre as pessoas que o conheciam. Sempre muito justo e, além de tudo, um artista impecável e sensível a beleza da natureza — por isso plantava muitas árvores.

“Ficamos muitos anos sem estarmos juntos. E há pouco tempo decidimos que era hora de parar tudo e voltar a Bombas, um lugar que faz parte das nossas melhores lembranças familiares. E lá passamos Natal, Ano Novo e, meses depois, a Páscoa. Uma alegria de reencontro, que começou com um abraço forte do tio Jacir, já com os olhos cheios de lágrimas pela felicidade do simples reencontro”, relembra Flavia.

Sua delicadeza impressionava e deixava rastros não só nos quadros, mas também nos corações de quem tinha o privilégio de prestigiar seus talentos difundidos em detalhes que transformam tudo em arte.

“Era incrível ver que as mesmas mãos que construíram casas e prédios pintavam telas lindas e plantavam as mais lindas árvores e flores”, conta a sobrinha.

Um contador de histórias que te levava para dar uma volta ao mundo em menos de dez minutos, inspirava aventuras por meio das quais ele viveu e gostava de detalhar cada parte com sua maneira de encantar.

Jacir deixou suas histórias e talentos por vários continentes, mas escolheu Magda, seu grande amor, para ser herdeira eterna de seu coração.

Frutos desse amor, seus filhos Elke e Christian hoje podem desfrutar de belas lembranças, além dos muitos momentos nas memórias de seus netos Theo e Dora.

“Que afortunados somos nós que tivemos a chance de conviver tão perto desse ser humano incrível”, acrescenta Flavia.

O tio Jacir partiu para uma viagem na qual plantará suas lindas sementes pelo caminho, pintará seus belos quadros e olhará com orgulho para aqueles que hoje lembram de sua presença com tanto afeto e carinho.

Jacir nasceu em Agudo(RS) e faleceu em Bombas (SC), aos 73 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela amiga de Jacir, Flavia. Este tributo foi apurado por Thaíssa Parente, editado por Aléxia Caroline, revisado por Gabriela Carneiro e moderado por Rayane Urani em 16 de fevereiro de 2021.