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Jaeder Herculano de Souza

1947 - 2020

A alegria dele era ver a casa cheia. Ficava mais feliz ainda quando os netos passavam as férias em sua casa.

Durante toda a sua vida trabalhou como encarregado de obras. Dedicou-se à família, a curtir os netos e arrumar a casa. Essas três coisas eram, sem sombra de dúvida, uma demonstração do quanto ele se divertia com elas. Assim como dedicar-se à família, pescar e ir à roça também eram seus maiores hobbies.

Do seu casamento com Zilda Maria vieram os filhos Leidemar, Deigmar, Vilmar, Gilmar, Eliomar, Edmar, Josimar e Cleidemar. Quatorze netos e seis bisnetos. Ao adoecer, tinha a seu lado Elza, com quem estava casado.

Jaeder tinha uma forma carinhosa de apelidar os filhos. "Minha mãe, Leidemar, ele chamava carinhosamente de Pafun. E a mim, de Pretinha. Amavelmente eu o chamava de Seu Frederiksen, em referência ao filme 'Up-Altas Aventuras'”, relembra com saudades a neta Raissa.

Pai dedicado e amoroso, Jaeder possuía uma relação carinhosa com os filhos – com seu jeito peculiar, sempre que podia, ligava para saber como estavam.

Saudosa, a neta recorda: “Quando mais nova, meu avô sempre brincava com os netos. Muito religioso, sempre que estávamos por lá ele nos levava à missa. Algum tempo antes de falecer ele tinha se tornado Ministro da Eucaristia e gostaria muito que eu fosse à missa e recebesse de suas mãos a Eucaristia".

"Meu avô acolhia a todos, sempre com sorrisos, abraços, e não deixava nosso aniversário passar em branco. Esteve sempre ao nosso lado comemorando as nossas vitórias. Fui a primeira neta a se formar no ensino superior e, como de costume, lá estava ele para me aplaudir com o sorriso mais gostoso, com toda a sua ternura e acolhimento. O sorriso do meu avô era muito marcante para mim e ficará guardado em minha memória.”

"Falar dele me traz saudade e a vontade de voltar à sua casa, pois sempre que chegávamos tinha algo diferente nela: uma despensa no final do corredor ou uma cobertura no terreiro; ou mais uma parede; ou mais uma janela. Nossa! São tantas as lembranças que até me perco nelas.”

“Meu avô foi uma pessoa fervorosa, que servia na Paróquia Nossa Senhora de Fátima, em Ribeirão das Neves, Minas Gerais. Pessoa muito ativa, sempre presente e que se orgulhava de seus netos. Fazia questão de estar presente em nossas vitórias e de nos encorajar nas derrotas. Ele era incrível.”

Jaeder nasceu em Fernandes Tourinho (MG) e faleceu em Belo Horizonte (MG), aos 73 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela neta de Jaeder, Raissa de Souza Vilela. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Thalita Ferreira Campos, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Rayane Urani em 22 de abril de 2022.