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Jairo Dornelles da Silva Sales

1986 - 2020

Guardava momentos, não dinheiro.

Seus pais se inspiraram no jornalista Carlos Dorneles para lhe dar o nome. Coincidência ou não, Jairo estudou jornalismo, curso que não chegou a concluir. Numa guinada profissional, resolveu, junto com a esposa, fazer o técnico em enfermagem e depois a graduação na mesma área, conciliando trabalho, faculdade e família.

Foi uma criança irrequieta, ativa. Dizem sua irmã e sua esposa que Jairo era “levado, afoito, mas sempre responsável, principalmente com a escola”. Adorava futebol e sonhava ser um dia como o goleiro Zetti. “Muitas vezes chegava suado, com a roupa toda suja, mas fazia as tarefas da escola direitinho. Se não soubesse, chegava a chorar, pedindo pra alguém ensiná-lo a fazer. Tinha que ir com a atividade escolar resolvida”, contam as duas. A paixão pelo futebol prosseguiu na adolescência.

Quando começou a namorar, “chegou a usar os poodles das irmãs pra impressionar as meninas”, lembra Sheila. Jairo Dornelles, ainda muito jovem, logo se casou com Jaqueline Daiane, com quem teve uma filha, Júlia Dailla.

Era um homem determinado e laborioso. “Realizou o sonho da casa própria e muitos outros sonhos, dentre eles o de conhecer novos lugares, de viajar com a família, de curtir a vida intensamente como se não houvesse amanhã”, escrevem Jaqueline e Sheila. “Dono de fortes opiniões, nunca se contentou com o pouco se podia ir além. Não gostava do ócio. Parecia que tudo tinha que ser feito logo, de imediato, sem perder tempo.”

Bem-humorado, divertido, brincalhão, queria viver intensamente a vida, recordam as duas. “Outrora ele dizia: ‘Guardo momentos, não dinheiro’. Como se quisesse nos dizer: que vivamos mais, perdoemos mais e amemos mais. Que aproveitemos cada momento da vida buscando a felicidade e fazendo o bem ao próximo, sem olhar a quem.”

Jairo nasceu em Macapá (AP) e faleceu em Macapá (AP), aos 34 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela esposa e pela irmã de Jairo, Jaqueline Daiane Sales e Sheila da Silva Sales Brito. Este tributo foi apurado por Andressa Vieira, editado por Joaci Pereira Furtado, revisado por Joaci Pereira Furtado e moderado por Rayane Urani em 10 de setembro de 2020.