1956 - 2020
Persistente na arte da conquista, registrava seu amor em cartões.
Filho de Maria Sampaio e Antonio Pereira, Jamilton Antonio era o terceiro de onze irmãos. “Herdou do pai o dom para o comércio”, afirma a esposa Maria do Socorro.
Seus irmãos faziam brincadeiras pelo fato de Jamilton Antonio ter tido muitos filhos, sendo seis ao todo. Diante dos comentários, ele apenas sorria. Era um pai que “se preocupava muito com cada um dos filhos e até mesmo com os enteados, queria saber de todos”, diz a esposa.
Foram 42 anos de muita labuta como comerciário. Após se aposentar, Jamilton Antonio continuou no ramo das vendas como representante comercial de algumas empresas para complementar sua renda. Maria explica que o marido “adquiria os produtos que os pequenos comerciantes do bairro queriam e repassava quase a preço de custo para que todos pudessem comprar”. Sentia um imenso prazer em ajudar seus clientes.
Por alguns era conhecido como Polaco, por outros era chamado de Ceará. “Para mim, que convivia com ele, era meu Branquelo e, para ele, eu era a sua Pretinha”, revela Maria do Socorro sobre a forma carinhosa como se tratavam. “Ele me falava que eu era o seu bálsamo, falávamos que iríamos ficar velhinhos juntos”, relembra com carinho.
Jamilton Antonio e Maria do Socorro se conheceram em 2013, em um site de relacionamentos. No início, Maria não estava muito interessada, mas, persistente como um bom vendedor, Jamilton Antonio insistiu na conquista. Certa vez, ela conta que adoeceu gripada. Ele comprou flores e bombons e se ofereceu para visitá-la. Maria do Socorro não deu abertura e recusou a visita, dizendo que ele não era médico para ir em sua casa. Desanimado com a recusa, Jamilton Antonio guardou o buquê e os chocolates que havia comprado na geladeira, junto com um cartão datado. Mesmo assim, preocupado com o bem-estar dela, continuou ligando nos outros dias.
O jogo virou quando Jamilton convidou Maria do Socorro para ir ao shopping e ela finalmente aceitou com a condição de levar as netas. Ela pensou, “tudo bem, afinal ele levaria os filhos também”. E assim, em uma tarde agradável, cercados de crianças, os dois enfim se conheceram.
Logo depois do encontro, Maria viu aquele antigo buquê guardado há dias na geladeira. As flores já estavam murchas, mas os chocolates e o cartão foram salvos como prova da dedicação que Jamilton teve em cuidar deles.
Desde então foram seis anos de relacionamento em moradias separadas e uma vida compartilhada em tudo. Ao lado de Maria de Socorro, a personalidade forte e um tanto impaciente dava lugar para o Jamilton Antonio carinhoso e bondoso. Características essas que estão gravadas com suas lindas palavras de amor nos cartões que escreveu ao longo de todos esses anos para sua esposa, que recorda com muito carinho a encantadora história de amor que viveram.
Jamilton nasceu em Boa Vista (RR) e faleceu em Porto Velho (RO), aos 63 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pela esposa de Jamilton, Maria do Socorro dos Santos Silva. Este tributo foi apurado por Rayane Urani, editado por Rosimeire Seixas, revisado por Tatiani Baldo e moderado por Rayane Urani em 8 de junho de 2021.