1938 - 2021
Acordava cedo já pensando no almoço, esperando que alguém poderia chegar de surpresa e comida não poderia faltar.
Sonhava com o futuro sem se preocupar com a idade. No ano de 2016, passou por uma cirurgia delicada. Depois disso, passou a agradar mais ainda os netos e os filhos postiços, porque ela não era madrasta, mas sim, boadrasta.
Depois da cirurgia deixou a profissão de manicure, mas encontrou outra paixão: a costura. Costurava todo o tempo, sempre fazendo mais um lençol para dar de presente. Cuidava como ninguém do marido debilitado pela idade, seu companheiro de tantos anos. Cortava seu cabelo, fazia sua barba, dava banho, ajudava com a sua roupa, sempre atenta ao seu chamado:
- Jandira! Jandira!
- Já vou, Zé. Já vou.
Amava seus irmãos e irmãs, sobrinhos e sobrinhas, como ninguém. Em especial, sua irmã, Janete, que ela ajudou a criar e que ao ficar viúva com três filhos, ela continuou ajudando.
Sempre repetia e concordava com o que a gente falasse, mesmo sem entender direito sobre o assunto. Contava as mesmas histórias sobre a sua infância difícil e o quanto era grata por poder ter geladeira, fogão e dispensa de comida dentro de casa. Sonhava com uma mesa redonda de madeira, que ela finalmente convenceu os filhos a comprar.
"Vó, obrigada por me deixar ser sua neta, obrigada por me permitir te conhecer e por fazer todo almoço de domingo especial. Você sempre está em nossos pensamentos, orações e corações."
Jandira nasceu em Paty do Alferes (RJ) e faleceu no Rio de Janeiro (RJ), aos 82 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pela neta de Jandira, Lorena Gonçalves dos Santos Brito. Este tributo foi apurado por Lucas Cardoso, editado por Lorena Gonçalves dos Santos Brito, revisado por Bettina Florenzano e moderado por Rayane Urani em 21 de abril de 2022.