1981 - 2020
Mãe, esposa e amiga. Determinada, batalhadora e guerreira.
Esta é uma carta que Luana escreveu para sua madrinha, Jaqueline:
Jaqueline era uma grande mulher de um metro e meio de altura. Morava em São Paulo, mas tinha o sangue quente pernambucano.
Jaqueline era singular, via o mundo de uma forma única. Era criativa e sonhadora, tinha ideias que eram difíceis de acreditar se dariam certo, mas ela ia atrás, fazia acontecer e te mostrava que era possível. Não tinha como não admirá-la.
Destemida e forte, não havia obstáculos para ela. Fazia acontecer e não desistia. Se aventurava, não tinha medo.
Alegre e muito cativante. Adorava música sertaneja e forró, e mesmo não sabendo a letra, ela cantava e dançava todas. A risada era garantida.
Ela adorava cores, principalmente cores neon.
Era distraída. Às vezes era preciso repetir a mesma conversa três vezes porque ela nunca prestava atenção, mesmo parecendo que sim. E piadas? Demorava horas para entender!
Teimosa, era difícil tirar uma ideia da cabeça dela ou fazê-la desistir. Era quase impossível controlar o furacão que ela era.
Era ligada nos 220V, fazia mil coisas ao mesmo tempo, falava com mil pessoas ao mesmo tempo, resolvia mil problemas ao mesmo tempo e... E ela não parava nunca.
Dona de um coração enorme! Não guardava mágoa ou rancor de ninguém, não conseguia ficar brava por muito tempo e, principalmente, se aquela pessoa que a feriu precisasse de sua ajuda, ela fazia de tudo para ajudar. Isso era o que eu mais admirava nela.
Era uma mãe, não só para seus filhos, mas era mãe para todos que estavam a seu lado. Sabia aconselhar da melhor forma, se preocupava, cuidava, chamava atenção quando necessário, brigava e incentivava a realizar qualquer objetivo ou sonho que tivesse compartilhado com ela.
Jaqueline não era desse mundo e infelizmente a vida é complexa demais pra gente entender o significado dela.
Jaqueline será exemplo de que nada é impossível, de que temos que acreditar em nós mesmos, no nosso potencial e de que temos que agarrar com unhas e dentes os nossos sonhos e fazê-los acontecer! E será mais um exemplo lindo de que a vida é uma só e que devemos vivê-la intensamente.
Jaqueline Cordeiro teve que partir, mas jamais será esquecida.
Jaqueline nasceu em Santo André (SP) e faleceu em São Paulo (SP), aos 39 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela afilhada de Jaqueline, Luana Rodrigues Mira. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Mateus Teixeira, revisado por Sandra Maia e moderado por Rayane Urani em 18 de novembro de 2020.