1937 - 2020
Um olhar que transmitia paixão pela vida. Vózona aventureira e doida pelo Corinthians.
Viúva, mãe de Fábio e Vânia; avó de Aline, Diego, Rodrigo e Juliano e bisa do João Pedro e da Maria Clara.
Jeannette trabalhou com contabilidade, mas depois largou o trabalho fora e passou a cuidar da casa e da família.
O marido, Célio, foi jogador do Corinthians, o que fez aflorar em Jeanette e no filho uma paixão pelo time, que os acompanhou por toda a vida. Os dois assistiam a todos os jogos juntos.
A neta Aline conta de um dia marcante vivido em família, quando assistiram juntos a Copa do Mundo no estádio do Corinthians. "Minha avó se emocionou muito, não só pelo jogo, mas, porque conhecemos pessoas do mundo inteiro. Ela ainda tentou se comunicar com um japonês, mas acabou conseguindo falar só 'Vai, Corinthians!' e foi bem engraçado."
Para os netos era a 'Vózona', para o filho a 'Mama'. Segundo Aline, seu pai falava demais e a avó, de vez em quando, soltava um "Para, Fábio!", para brecar o filho. Mas eram muito ligados e companheiros. E assim foram até na hora da partida: mãe e filho foram internados juntos e agora descansam lado a lado; ou, quem sabe, procuram uma partidinha de futebol.
Era corajosa, adorava se arriscar e se aventurar. Tinha paixão por viagens e, já aos 80 anos, chegou a ir com as primas, em uma Kombi tipo trailer, num passeio pela Europa. Elas chamavam de 'As véias pelo mundo'. Começaram na Serra da Estrela e percorreram vários lugares, tomando banho em campings e vivendo aventuras inesquecíveis.
Aline lembra que a 'vózona' gostava de fazer um bolo de cenoura especial. "Minha avó adorava cozinhar, fazia uma lasanha incrível. Mas esse bolo de cenoura é uma receita que passa, há anos, de geração pra geração ─ muito famoso na família Guerra."
Jeannette foi uma mulher forte, que odiava injustiças, mas era sensível e chorava ao assistir filmes e programas de TV. Adorava gatos, músicas de qualquer estilo e não dispensava uma ida ao shopping pra comer uma pizza.
Muito vaidosa, vivia bem perfumada e com seu pó no rosto. Adorava passar perfume na neta também. Na verdade, tinha o dom de agradar aqueles que amava de uma maneira doce. Às vezes até literalmente, como conta Aline: "Ela sempre tinha uma caixa de chocolates e fazia questão de abri-la, à noite, para reunir os netos na sala de estar e comer com eles. Lembranças que marcam um amor eterno... Nunca esquecerei seu olhar ─ tinha muita vida nele!"
Para ver a história de seu filho, que também faleceu de Covid-19, procure por Fábio Penha Guerra no Memorial Inumeráveis.
Para ver a história de sua cunhada, que também faleceu de Covid-19, procure por Neide Trillo Guerra no Memorial Inumeráveis.
Jeannette nasceu em São Paulo (SP) e faleceu em Sorocaba (SP), aos 83 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pela neta de Jeannette, Aline Beselga Guerra. Este tributo foi apurado por Andressa Vieira, editado por Denise Pereira, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 10 de fevereiro de 2021.