Sobre o Inumeráveis

Jeni Aparecida de Jesus Vagli

1933 - 2020

Mãezona, fazia marcação cerrada e estava sempre presente. Se preciso fosse, brigaria pelas filhas.

Jeni cozinhava como ninguém. "A comidinha dela era especial, boa demais. Lasanha e doces não consigo fazer como ela", diz a filha Magda Aparecida.

Teve uma vida sofrida. "Achava que casando teria uma vida melhor, mas meu pai sempre foi de farra. Mesmo assim, ela era feliz ao ver suas duas filhas e três netos felizes", diz ela. Para complementar a renda, Jeni fazia bolos, vendia roupas e se virava como dava.

Nos últimos anos, por conta do Alzheimer, estava em casa de repouso. Até então, era a mãezona de sempre, que gostava de cuidar e dava espaço para as filhas falarem de namorados e maridos. Só queria ver as filhas felizes, esse era seu sonho. Nem que para isso precisasse brigar com alguém. "Ela era brava, se precisasse brigar para nos defender o fazia. Queria que estivéssemos sempre na hora em casa. Ela sempre foi muito presente em tudo, na escola e no dia a dia, fazia marcação cerrada. Não era de contar piadas, mas sim de escutar, pois era tímida", diz a filha, resumindo os traços da mãe e sentindo muita falta de tudo relacionado a ela, "do abraço e até das broncas, pois sei que era pro nosso bem".

Jeni nasceu em Caconde (SP) e faleceu em São Paulo (SP), aos 86 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha de Jeni, Magda Aparecida Vagli Zobra. Este tributo foi apurado por Lígia Franzin, editado por Ticiana Werneck, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 4 de novembro de 2020.