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Joana Baia de Brito

1927 - 2020

Querida e cuidadora, aprendeu que viver com qualidade significa manter a calma e amar inesquecivelmente.

Desempenhou a profissão de comerciante. Mulher de fé, frequentava a missa todos os domingos. Enquanto em seu cotidiano, era comum vê-la lendo o jornal do dia, pacientemente, como se o tempo paralisasse para ela.

E, de certa forma, paralisava.

Calma, Joana era sempre calma, apesar das dificuldades que a atravessaram no decorrer da vida. A viuvez, por exemplo, aos 47 anos.

Seu Tibúrcio se foi e Joana ficou, com dez filhos com idades entre 5 e 21 anos: Hermes, Elza, João, Hilza, Maria Joana, Miguel, Nazaré, Rosangela, Bernadeth e Elizabeth.

E ela conseguiu. Claro que conseguiria, como é de se esperar de uma “mãe querida e cuidadora”, como define Nazaré, sabendo que Joana ainda teria forças para criar três sobrinhos.

A família cresceu: 16 netos e 10 bisnetos ainda vieram a tempo de conhecer a amorosidade e o bom humor da matriarca.

“Tá tudo bem, estou indo para o hospital agora”, foram as últimas palavras de sua voz experiente, que não sofria antecipadamente. Joana partiu. Seguiu ao encontro de uma calmaria ainda mais profunda.

Joana nasceu em Abaetetuba (PA) e faleceu em Belém (PA), aos 92 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela filha de Joana, Maria de Nazaré Baía Brito Lemos. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Júlia Palhardi, revisado por Paola Mariz e moderado por Rayane Urani em 14 de novembro de 2020.