Sobre o Inumeráveis

João Batista Fernandes

1947 - 2021

Quando buscava os netos no colégio, fazia a alegria deles no caminho com muitos sacos de pipoca.

Nascido em Minas Gerais, Tista, como era conhecido, foi agricultor no Paraná, estado onde se criou e aposentou-se antes dos 60 anos, como metalúrgico em São Paulo.

Segundo filho de seis, esse homem calmo, alegre e amigo, casou-se com Maria Neuza e com ela viveu uma estável união, por cinquenta anos. A prole, João Filho e Alexandra, lhe trouxe a nora Joseane e o genro André, além dos netos João Daniel, Júlio César e Vinícius. De seus irmãos, tinha no mais velho, Zezé seu irmão mais próximo.

Tista amava sua família e uma vida simples, que podia se resumir bem em mexer na terra, assistir ao futebol, comer um churrasco e ficar em sua casa à vontade, invariavelmente com seu chinelo e meia, na varanda ou deitado no sofá de dois lugares.

A terra o representava, como homem de raízes. "Meu sogro era um homem bem quietinho, calado, mas muito prestativo. Um bom homem, que ficava feliz de plantar coisas na sua terra, mexer em sua horta", conta a nora Joseane.

O futebol era um de seus assuntos prediletos. Tista gostava muito também de falar de Kaloré, a cidade paranaense onde fora criado. Porém, lembra a nora, o que ele contava de Kaloré era justamente sobre os jogos de futebol. Realmente o esporte era uma grande paixão sua e, apesar de ser corintiano, Tista assistia qualquer jogo.

Joseane diz que ele foi um dos homens mais corretos que já conheceu, que nunca o viu brigar com ninguém e que lhe é grata por ter sido tão bom sogro também. Era amoroso com os filhos e netos, para quem deixa muita saudade no peito. Ele buscava os meninos na escola e não era só o avô-motorista: gostava de estar junto e de agradá-los, comprando pipoca.

Com carinho, a nora guarda ternas recordações: "Meu marido — seu filho João — tinha muito orgulho de ouvir seu pai o chamando de Joãozinho. Minha convivência com ele era muito boa; sempre recebi de meu sogro gentileza e ajuda, quando precisava. Uma pessoa alegre e dedicada a sua família, que deixa saudades em todos nós. Sua casa está fechada, pois sua ausência ainda é muito sentida, especialmente por sua esposa. No entanto, penso que um dia nos encontraremos".

João nasceu em Botelhos (MG) e faleceu em Valinhos (SP), aos 74 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela nora de João, Joseane Aparecida Gracioto Fernandes. Este tributo foi apurado por Denise Pereira, editado por Denise Pereira, revisado por Maria Eugênia Laurito Summa e moderado por Rayane Urani em 7 de dezembro de 2022.