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João de Albuquerque Portella

1939 - 2020

De mãos dadas com a esposa, acolhia pessoas desamparadas em sua própria casa, tão enorme era o seu coração.

Sr. João era gaúcho, saiu jovem de casa por volta da sua adolescência e foi para São Paulo para buscar trabalho.

Capricorniano caseiro, extremamente dedicado e trabalhador, durante um Carnaval resolveu seguir viagem com um amigo para São Carlos e foi assim que conheceu Carmen Soares, com quem construiria uma vida junto logo em seguida.

João e Carmen já não tinham mais os pais, assim investiram suas vidas na constituição de sua própria família; geraram três filhos: Maristela, Joseane e João, e dois netos que eram seus xodós: Clara e Vítor.

Juntos construíram uma casa em Riacho Grande, distrito de São Bernardo do Campo, local onde seus filhos passaram a infância e mesmo após se mudarem de Riacho Grande, gostavam de ir aos finais de semana para tomar cerveja, comer pastel e fazer churrasco.

Um casal adorável que juntos praticavam pilates, cuidavam das plantas e estimavam ficar na companhia dos animais que resgatavam: os cachorros Sid e Manny e os gatos Samara, Fritz e Malévola; porém, a característica principal dessa dupla que vivia unida em todos os momentos, era ficar de mãos dadas, gostavam até de assistir televisão assim.

Construiu sua carreira profissional na empresa Volkswagen, a chamava de "mamãe" pois trabalhou durante vinte e oito anos e fez muitos amigos; para sua alegria, sua filha Maristela foi profissional na mesma empresa por dezesseis anos.

Suas maiores virtudes eram a honestidade e o senso de justiça; por ter conhecido a pobreza de perto, se compadecia com as dificuldades alheias e ajudava financeiramente amigos, parentes e até mesmo quem não conhecia; uma vez acolheu em sua casa um casal que havia recebido uma proposta falsa de emprego até conseguir o dinheiro para as passagens de volta para a casa. Passou essa solidariedade para seus filhos por meio de seus exemplos.

Bastante organizado, transitava do mau-humor ao espírito brincalhão, às vezes ficava uma fera porque não tinha paciência para esperar e fazia o que tinha que ser feito mesmo reclamando e em outros momentos era muito divertido, fazia todos darem risada.

Foi exemplo de dedicação à família, resiliência e lucidez, sempre preocupado com os outros e disponível para ajudar.

João e Carmen foram vítimas da pandemia da COVID-19, ele faleceu primeiro, ela mesmo sem saber dele, sentiu saudade e também partiu. Estão como sempre de mãos dadas na lembrança da família, neste memorial e no céu.

Para conhecer a história da esposa, visite a página de Carmen Soares Portella.

João nasceu em Doutor Mauricio Cardoso (SP) e faleceu em Santo André (SP), aos 81 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha de João, Maristela Aparecida Portella. Este tributo foi apurado por Criles Monteiro, editado por Criles Monteiro e Karina Zeferino, revisado por Luana Bernardes Maciel e moderado por Rayane Urani em 31 de maio de 2021.