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João Draus Pinto

1939 - 2020

Iluminado: sua genialidade não era apenas quando o assunto era elétrica, possuía uma grande energia vital.

Viúvo de Maria Madalena, com quem teve uma união desde jovem e durou mais de sessenta anos, Seu João foi um homem de valores rígidos. E assim criou os filhos João, José Ávila, Sandra, Joel, Jorge e Jairo.

Sua vida profissional teve grande destaque. Trabalhou com elétrica em grandes empresas, em indústrias multinacionais no Polo de Cubatão, sempre em cargos de supervisão e chefia. Durante sua trajetória, atuou em projetos importantes como a iluminação da primeira pista da Rodovia Imigrantes e a iluminação do Emissário Submarino em Santos. Antes de chegar a aposentadoria, ainda trabalhou em plataformas de petróleo em alto-mar, em diversos estados.

Com orgulho, revela Joel que seu pai era um gênio em sua área de atuação: "Além de uma alma iluminada, era um homem extremamente inteligente e competente. Na elétrica, não só na prática, era um expert; mas também na teoria, pois explicava perfeitamente tudo do assunto, fosse industrial ou residencial. Conversava sobre carga, aterramento, resistência... Era incansável, trabalhava e vivia sem desligar sua própria energia."

Um homem de hábitos caseiros. Era difícil tirá-lo de casa, onde gostava de assistir aos diversos filmes de sua coleção. Praticamente só saía se tivesse que socorrer alguém. Ou então, para curtir sua grande paixão: a pescaria, seja em rio ou alto-mar, isso sim era sua distração.

No trabalho era conhecido mesmo por Draus ou João Draus. Em família era o Jão ou Janjão, como foi carinhosamente apelidado pela esposa e os dois cunhados. Adorava curtir o lar, ajudar sempre os filhos e apreciar seu prato preferido: um bom churrasco.

João tinha um gosto musical refinado e um imenso apreço pelas músicas de sua época, como Francisco Alves, Nelson Gonçalves entre outros.

Conta o filho que, com a idade mais avançada, Seu João adquiriu o hábito de acompanhar assiduamente os telejornais e de consumir horas de seu dia sentado em seu cantinho preferido, fazendo palavras cruzadas ou Sudoku.

Joel finaliza com uma terna lembrança: "Meu pai gostava muito de acampar quando era mais jovem. Tenho essas memórias ainda vivas em mim... Eu e meus irmãos, crianças, por volta de 10 a 12 anos, e ele nos levava, carregando aquelas barracas, para acampar nas reservas florestais do litoral sul de São Paulo. A saudade transformada em recordações, inspirações e, porque não dizer, em herança real."

João nasceu em Santos (SP) e faleceu em São Vicente (SP), aos 81 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pelo filho de João, Joel Drausi Pinto. Este tributo foi apurado por Andressa Vieira, editado por Denise Pereira, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 28 de dezembro de 2020.