Sobre o Inumeráveis

João Santana

1940 - 2020

Um homem capaz de chorar com os filhos e netos, por sentir suas dores.

A construção de vínculos duradouros pede uma boa dose de empatia, e a João não faltava essa capacidade tão especial de compartilhar dos sentimentos das outras pessoas. Tanto que deixou esse exemplo marcado na memória dos seus.

Com a vivência de cinquenta e três anos de casamento, João não se dedicava apenas à sua família. “Ajudava os vizinhos, os amigos e parentes. Deu uma boa educação aos quatro filhos e distribuía bons conselhos a todos, mas o mais importante é que ele tinha sempre uma palavra de afeto para oferecer”, relembra a filha Juliana.

Mesmo depois de se aposentar, João seguiu trabalhando como autônomo. “Ele gostava de se sentir útil e sempre lutou para dar à família mais do que teve em sua infância”, conta Juliana.

Independente, fazia questão de sair sozinho para ir ao banco ou, como em todos os sábados, fazer cursos na Federação Espírita. E assim foi, mesmo depois de ter sido diagnosticado com câncer. Costumava dizer que não precisava que ninguém o acompanhasse, já que sabia andar e tinha “as pernas boas”.

Tinha paixão pelo futebol, jogou muita bola com os amigos da Vila Palmeiras. Seu sonho era levar o neto Yan, que criou como um filho, para ver o São Paulo jogar no Morumbi.

“Deixa muita saudade e um vazio enorme. Te amo, senhor João, meu pai”, conclui a filha.

João nasceu em Itamogi (MG) e faleceu em São Paulo (SP), aos 80 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha de João, Juliana Dias Santana. Este tributo foi apurado por Lígia Franzin, editado por Tatiana Natsu, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 11 de dezembro de 2020.