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João Sérgio Nobre Duarte Cruz

1961 - 2021

Chegou no Brasil para empreender, mas gostou tanto do clima e da culinária do Nordeste, que não voltou mais.

A proximidade da data da chegada de Sérgio Cruz ao mundo levou sua mãe à Lisboa, para que ele nascesse lá na capital lusitana. Foi na Ilha da Madeira, porém, que ele cresceu e desfrutou de uma infância muito feliz. Ali se apaixonou pelo mar. Entre as brincadeiras de menino, tomou gosto por viver em meio às belezas naturais e aos locais históricos, pelas visitas que fazia às igrejas antigas.

Na juventude estudou Engenharia Civil no Instituto Superior Técnico de Lisboa. Tinha como essência ser muito comunicativo e divertido. Enturmava-se e fazia amizades com uma facilidade incrível, conversava com todos, sem fazer qualquer tipo de distinção, e sua alegria era contagiante.

A esposa conta que ele foi um marido carinhoso, companheiro e muito brincalhão. Entre as “idas ao cinema, muitas conversas, jantares e risadas” tiveram uma relação de muito companheirismo e amor. Sérgio Cruz teve três belos filhos e, mesmo com a distância, o contato nunca foi perdido. Sempre atento ao bem-estar deles, "foi o pai que todo mundo queria”, nas palavras de sua amada.

Veio para o Brasil inicialmente com o objetivo de empreender, no entanto, se apaixonou pelo Nordeste e resolveu se estabelecer. Logo se adaptou ao jeito de falar, hábitos e costumes da nova morada e passou a considerar como sua terra do coração.

De 2014 em diante viveu entre as cidades de Vitória de Santo Antão e Recife, locais onde compartilhou generosamente de sua sabedoria e talento. Sérgio Cruz foi o responsável pelo projeto e construção do novo edifício da UNIFACOL, onde em seguida atuou também como professor, coordenador e diretor do Centro de Ciências Exatas, Tecnológicas e Engenharia que ali se instalou.

Profissionalmente Sérgio Cruz era muito bondoso, espontâneo, humilde e muito acessível. Mesmo tendo o grau máximo de formação acadêmica – informação que que ele não se gabava, e que só os amigos mais próximos sabiam – o que importava para ele era conversar, alegrar-se e alegrar o outro. Sua forma afetuosa de lidar se expandia por onde passava, contagiando positivamente os ambientes de trabalho. Ele tinha uma capacidade de raciocínio muito rápida e encontrava soluções para problemas facilmente, por isso era bem quisto no meio dele.

Para remediar a saudade dos filhos e da terra natal causada pela distância, Sérgio Cruz os visitava sempre que possível. Sua esposa se diverte ao relembrar que, em uma das idas à Portugal, o casal foi visitar o castelo de São Jorge e ele muito brincalhão disse a ela que o cantor Seu Jorge havia morado lá, convencendo-a em sua inocência.

Além de todas essas qualidades, tinha paixão também por cozinhar, deliciar-se com bons pratos e compartilhar os momentos de refeição com amigos e familiares. Como bom português gostava de bacalhau ao forno e polvo à lagareiro. E como bom brasileiro de coração que se tornou, apreciava a culinária nordestina, especialmente, um bode guisado.

João nasceu em Lisboa (Portugal) e faleceu em Recife (PE), aos 60 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela esposa de João, Jaciara Maria Lima de Barros. Este tributo foi apurado por Raíssa Trelha, editado por Ana Helena Alves Franco, revisado por W. Barros Dantas Paniagua e moderado por Rayane Urani em 5 de agosto de 2021.