Sobre o Inumeráveis

Joaquim Rodrigues Neto

1945 - 2020

Vivia como um pássaro: livre, voando e vivendo intensamente todos os momentos.

Este é o tributo que Julia escreveu para seu pai, Joaquim:

Conhecido como Juca por todos a seu redor, era um ser humano ímpar, por onde passava tinha um amigo ou um conhecido.

Apesar de ser homem estudado e muito culto, que conheceu diversos lugares e pessoas do mundo, preferia o lado simples da vida, que o encantava. Tomar uma cerveja ao lado de amigos, andar por aí de chinelo e livre, ir para o samba ao lado de seu filho e amigos, ver e jogar futebol. Viver momentos que marcariam para a vida toda, proporcionar coisas boas a quem amava – isso, sim, era o mais valioso em sua vida.

Sem medo de nada, viveu várias histórias e as mais loucas eram as suas favoritas. Adorava contá-las. Todas bem diferentes umas das outras, às vezes pareciam até contos de livros, mas eram verdadeiras.

Joaquim era vendedor e se destacou em tudo mais que se propôs a fazer. Sua sabedoria e percepção de vida o ajudavam a sair na frente. Teve oportunidade de se formar em duas faculdades: Administração e Direito. Advogado, seguiu a carreira por longos anos. Devido a sua humildade, no entanto, nunca fez questão de expor esse lado genial ao “mundo” e, assim, apenas quem tinha certa sabedoria e afinidade era capaz de conhecer algo tão especial dele.

Juca era um pai bastante especial. Vivia querendo agradar os filhos Claudia, Cassio e Julia, e se via feliz e orgulhoso na presença deles. Não dava “mole”, porém, e nos ensinou valores e princípios, ajudou nas lições da escola e da vida. Conversava detalhadamente sobre todos os problemas que enfrentávamos. Às vezes, perdia a paciência, e com razão; aí ninguém dava um “piu”. Isso sempre foi para o nosso bem, pois ele prezava muito pela nossa educação em relação ao mundo lá fora. Lutou para que fôssemos cidadãos de bem, e conseguiu.

São tantas coisas para falar dele... Sempre soube da pessoa incrível que meu pai era, principalmente para os familiares e aqueles que o conheciam e conviviam com ele. De fato era empático e muito coerente nas atitudes. Era capaz de dar as roupas do corpo se sentisse afinidade com um desconhecido. Com isso fazia grandes amigos, que com frequência destacavam essa característica sua.

Para mim o mais surpreendente é que, depois de sua passagem para a eternidade, conhecemos mais dele a cada dia, através de amigos que ele e a vida inusitadamente nos apresentaram e que reforçam toda vez o grande amor por ele.

Fico muito feliz em saber a quantidade de gente que meu pai conquistou ao longo da vida e que deixou um legado de grande homem e pessoa para todo o sempre.

Joaquim nasceu em São Paulo (SP) e faleceu em São Paulo (SP), aos 75 anos, vítima do novo coronavírus.

Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela filha de Joaquim, Julia Diniz. Este texto foi apurado e escrito por Mateus Teixeira, revisado por Paola Mariz e moderado por Rayane Urani em 19 de maio de 2021.