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Jordita Rodrigues da Silva

1936 - 2021

Participativa e presente, mimava a família com quitandas e doces caseiros que ela mesma preparava com esmero e carinho.

Era raro alguém chamá-la de Jordita. Geralmente, todos a chamavam de Dita e, às vezes, de Ditinha.

Foi casada com João e viviam na cidade de Aloândia onde ele foi prefeito. Tiveram quatro filhos: Jorge, Alacir, Doriocan, Mary e os netos Juliana, Marina, Beatriz, Junior, Rafael, Samara, Raissa e Andrei.

Ela foi uma mãe carinhosa e participativa na vida de cada um dos filhos e uma avó amorosa e comunicativa que sempre tinha uma história para contar e de quem as pessoas se tornavam amigas em questão de minutos.

Juliana fala sobre ela de forma carinhosa: "Ela se lembrava de cor e salteado do gosto de todos da família e sempre fazia o que cada um mais gostasse. Podiam ser roscas, bolos, coxinhas e pizzas. Geralmente, toda a família se reunia em comemorações de aniversário ou eventos. Nestas ocasiões, ela sempre fazia pizza e nos chamava para comer. Entretanto, o meu prato predileto era o pudim. Foi inclusive a última iguaria que ela preparou para mim”.

Quando mais nova, ela fazia quitandas para vender, mas depois que os filhos cresceram, ela foi diminuindo o seu ritmo. Gostava de mimar a família com seus quitutes, como a famosa Peta da Vovó Dita, biscoitos de polvilho azedo ou doce. Ela os fazia e depois telefonava para irem buscar e, assim, todos tinham pelo menos um pacote de pão de queijo, de pizza ou peta em seu congelador.

Juliana detalha também como era a participação de Dita em sua vida: “Desde os primeiros dias de vida, ela sempre esteve comigo: fui um bebê que chorava muito. Por isso, meus pais contam que eles e minha avó se revezavam para ficar comigo à noite. Na infância, sinônimo de felicidade era passar o dia em sua casa, pois, sempre tinha o doce de goiaba na geladeira que eu tanto gostava”.

“Eu morava em Brasília, a duas horas de Goiânia, onde minha avó vivia, e ela esteve presente em todos os meus aniversários, formaturas, festas escolares e passeios na Pousada do Rio Quente, quando meus pais não podiam me levar. Todas as vezes que abro os meus álbuns de fotografia, Ditinha se faz presente”.

“Certa vez, quando pequena, ela me chamou de Juju. Então, eu disse que não era Juju, mas 'Pupuca'. O apelido acabou pegando entre a família. A festa de 80 anos também foi muito especial para toda a família porque todos os filhos e netos estavam presentes”.

“Minha avó também costumava ir à Brasília passar o mês em nossa casa nos fazendo companhia. Durante a minha infância, vovó ia em todas as viagens de férias: não importava onde, ela sempre estava pronta para passear em qualquer lugar conosco. Quando passei no mestrado da Unicamp, recordo de receber um telefonema dela dizendo que não entendia muito bem o que era aquilo, mas que ela estava muito orgulhosa”.

Nas horas vagas assistia a novelas e passava horas deitada em sua rede. Ela tinha a mania de, ao final de toda conversa, perguntar: 'Como assim?', quando queria saber mais ou entender algo.

Dita, além do aroma inesquecível do leite de colônia que usava, deixou gravado ensinamentos importantes como o seu exemplo de não perder nenhum momento. Ela sempre estava pronta para ir a qualquer lugar, ajudou os filhos se fazendo presente na vida dos netos, oferecendo um abraço pronto para acolher e estava sempre disponível a brincar com eles com prazer.

Esbanjou seu afeto até o fim, fazendo amizade com todas as enfermeiras da UTI onde esteve internada e prometendo levar quitandas para elas quando saísse do hospital.

Juliana conclui sua homenagem dizendo: “Vovó era querida por todos! Minha mãe disse sentir uma gratidão eterna pela sogra e creio ser desse modo como todos nós nos sentimos: com o coração grato por tê-la conhecido e com inúmeras histórias para se lembrar dela por toda a vida! Ela será lembrada por gerações!

Jordita nasceu em Aloândia (GO) e faleceu em Goiânia (GO), aos 85 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela neta de Jordita, Juliana Rodrigues Machado. Este tributo foi apurado por Andressa Vieira, editado por Vera Dias, revisado por Bettina Florenzano e moderado por Rayane Urani em 10 de novembro de 2022.