1944 - 2020
Divertia a família quando se arriscava no repente e se orgulhava de ter aprendido a ler e a escrever sozinho.
Seu Jorge foi um entre os vários paraibanos que decidiram fazer as malas e buscar vida nova na maior cidade do Brasil. Quando chegou em São Paulo, aos 20 anos, não sabia ler ou escrever, mas estava pronto para trabalhar como pedreiro e encarar uma jornada que o levaria a encerrar a vida profissional como empreiteiro.
Quando começou a trabalhar, comprou um livro de alfabetização e, sozinho, "aprendeu a ler e a escrever juntando sílabas até conseguir ler planta de prédio com os engenheiros", lembra a filha Beatriz, a filha mais nova, que conta ainda que o pai tinha muito orgulho dessa sua conquista.
Quando seu Jorge conheceu Dona Maria, foi amor à primeira vista e os dois estiveram juntos por 45 anos. Dessa união, também nasceram Alessandro, Fabiano e Alessandra. Fazendo bom uso de suas habilidades, foi Jorge quem construiu a casa que serviu de lar a todas as suas crianças.
Corintiano roxo, adorava conversar sobre futebol com os filhos que os visitavam todos os domingos e ficava orgulhoso por ser o que sabia mais sobre o assunto. Seu Jorge gostava de reunir a família em casa, sobretudo para os churrascos de aniversário.
Recebia com carinho especial os cinco netos Pedro Paulo, João Victor, Melissa, Mirella e Benjamin. Tinha sempre um "trocado" para dar a eles. Gostava de brincar e de fazer os pequenos dormirem eu seu colo, em sua cadeira de balanço.
Apesar de ter feito a vida em São Paulo, nunca esqueceu suas origens e adorava ouvir repentes. Beatriz conta que o pai também se arriscava nas rimas para a diversão da família! Uma das tentativas de repente de seu Jorge que vão ficar guardadas na memória com carinho foi a que ele fez no último aniversário de Dona Maria e que chegou até a ser gravada por uma das filhas.
Seu Jorge dizia que era jovem e a disposição que carregava em si é memorável. Adorava ir à praia e, em seus últimos mergulhos, foi decidido a aproveitar ao máximo por não saber se veria o mar novamente. Será sempre lembrado como o companheiro do café da tarde por sua amada esposa Maria e como pai e avô que era, responsável por reunir a família que tanto gostava de ter por perto.
Jorge nasceu em João Pessoa (PB) e faleceu em São Paulo (SP), aos 76 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela filha de Jorge, Beatriz Brito Aquilini. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Larissa Reis, revisado por Sandra Maia e moderado por Rayane Urani em 10 de novembro de 2020.