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José Adamastor Morgado Britto

1946 - 2020

Militar e cozinheiro de mão-cheia, nunca revelou a receita da batatinha com calabresa.

Militar reformado do Exército Brasileiro, Morgado foi um exemplo de honestidade em tudo o que fazia.

De origem simples, ficou órfão de pai muito cedo. Ocasião em que se viu na necessidade de assumir as responsabilidades financeiras da casa. Tornou-se o chefe da família.

O primeiro emprego foi em uma agência de viagens. Ao completar 18 anos, foi servir à nação. Por lá permaneceu até se reformar.

Foi neste período em que conheceu a esposa Normélia, com quem teve dois filhos: Márcio e Luciane.

Morgado nunca teve medo do trabalho duro. Nas folgas do exército, vendia roupas. Posteriormente, ingressou no mercado de mármores e granitos. Tornou-se um exemplo de administrador.

Queria deixar para a família tudo aquilo que não tivera acesso: economias financeiras, abrigo, experiências. E conseguiu.

Na casa de Morgado, a despensa e a geladeira estavam sempre lotadas. As contas ficam sempre, organizadamente, sobre a mesa.

E como desde jovem precisou ser o chefe da família, gostava de colocar todos debaixo de suas asas protetoras. Se alguém andasse um pouquinho para a direita ou esquerda, era repreendido.

Seu time do coração era o Flamengo. E por falar em futebol, a família dizia que ele poderia ser confundido com o treinador Joel Santana, tamanha eram as semelhanças físicas. Também era muito parecido com o militar e político Hamilton Mourão.

Cozinheiro de mão-cheia, não revelava suas receitas. Como a famosa batatinha com calabresa que a nora Solange não aprendeu a fazer.
Segundo ela, o prato era tão delicioso que faria Ana Maria Braga "chamar os cachorros". Nos almoços de família, Morgado brilhava.

Talvez fosse do ofício militar a sua característica mais fechada, ou "sorriso bruto", como lembra Solange. Porém, por dentro, tinha um coração gigante. Era o avô babão que foi domado pelas netas.

Como dizem os militares, esteve sempre "pronto para e em prol de..." E, nas palavras que Morgado mesmo, “combati o bom combate, acabei a carreira e guardei a fé”. Este foi o seu legado.

José nasceu no Rio de Janeiro (RJ) e faleceu no Rio de Janeiro (RJ), aos 73 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado de José, Solange Lopes, Luciane Donato, Otto Eládio e Zilma. Este tributo foi apurado por Lígia Franzin, editado por , revisado por Lígia Franzin e moderado por Jullia Cassia em 14 de novembro de 2020.