1950 - 2020
Fez mais de mil amigos por conta de sua gentileza.
Alfredo ou Jarrão, um pai presente, que se doava a todos os filhos sem medir esforços, nem diferenças. Casou-se duas vezes. Do primeiro casamento, deixou três filhos e dez netos. Do segundo, uma filha e três netas.
Aos 14 anos se tornou mecânico. Depois, ainda na época do linotipo, trabalhou no Diário de Aracaju e na Gazeta de Itabuna operando a máquina. Quando retornou ao seio familiar, conseguiu um emprego como consultor de vendas. Mais tarde, já aposentado, juntou-se a um amigo e abriu seu próprio comércio de doces e embalagens.
Da família, as memórias. A irmã Ivani, mais velha das cinco irmãs, conta que sempre foi a queridinha dele. Quando viajava, Jarrão sempre trazia um presente para ela. Os dois eram confidentes, compartilhavam alegrias e desabafavam mágoas. A mais velha diz que ele sempre tinha as palavras certas para os momentos certos. “Ivani, minha irmã, você só não é mais linda que a mulher mais linda do mundo”, dizia se referindo à sua mãe como a mais linda.
Atencioso e dedicado aos seus filhos. Se erraram ou acertaram, não foi por falta dos conselhos de Alfredo. Os netos eram seus filhos que renasceram, estava com eles sempre que podia. Não se pode negar que entre os treze, Maria Eduarda, sua neta criada por ele e pela esposa, foi a menina de seus olhos. A menina sabia como conquistar o coração bondoso do avô quando o chamava de "painho".
Todos recordam da alegria, da paixão pelos familiares e da fé de Jarrão. Não havia situação ruim que apagasse o seu brilho. “Mesmo nos últimos momentos, na UPA onde ficou à espera de vaga na UTI, ele fez, por três vezes, o sinal de positivo com o dedo polegar em riste para o irmão Éverton, que lutou para tirá-lo dali”, contou a irmã.
Ivani lembra de todos os "eu a amarei para sempre", aos quais sempre respondia “me too”. Ele soltava uma gargalhada, que lhe era peculiar, e logo dizia: amém, minha linda! Alfredo era simpatia e afeto. Dedicado a causas religiosas e a trabalhos solidários. Nunca deixou que sua masculinidade ofuscasse a sua doçura. Tratava a todos de maneira terna, especialmente a mãe, a quem adorava e visitava diuturnamente, com sua marca registrada e estridente: sua bênção, minha mãe!
José nasceu em Santo Amaro das Brotas (SE) e faleceu em Aracaju (SE), aos 70 anos, vítima do novo coronavírus.
Tributo escrito a partir de testemunho concedido pela Irmã de José, Ivani dos Santos Lobão. Este texto foi apurado e escrito por jornalista Gabriela Luise Santos Rosa, revisado por Juliana Holzhausen e moderado por Rayane Urani em 18 de agosto de 2020.