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José Carlos Vitorino

1956 - 2020

Um corintiano apaixonado que era muito bom em fazer todos darem risada.

José Carlos, o Borracha, era mineiro, mas foi para São Bernardo do Campo, no ABC paulista, ainda muito jovem e lá morou a maior parte da vida. Na cidade, conheceu dois amores de uma só vez: Nice e Renata. Na época em que conheceu Nice ─ com quem se casou ─, ela recém havia dado à luz Renata. Assim, José, além de conhecer a mulher de sua vida, ganhou, ao mesmo tempo, uma filha.

O casal teve mais duas garotas: Oneida e Verônica. As meninas deram-lhe quatro netos. Ele era chamado por eles de vô Preto. Com os netinhos, seu bom humor ficava ainda mais aguçado. Era superbrincalhão.

Borracha era muito bom em fazer todos sorrirem. Até as velhas piadas tinham graça quando eram contadas por José Carlos, mas de seu repertório também saíam inéditas. Além das piadas prontas, transformava tudo em motivo para riso. Essa característica rendeu a ele admiração e amizade de muita gente.

O paizão e avô coruja era muito trabalhador. Amava ir para a oficina. Dizia que o primeiro de maio era dia "de" trabalho, todos deviam ir para o serviço naquele dia. Então, o feriado era dedicado à labuta, bem como muitas outras datas que costumeiramente são consideradas de "folga". Nem doenças paravam seu José.

Porém, também sabia descansar. Amava retornar à terra natal, Uberaba. Quando ia almoçar, deitava-se no chão da sala de casa e ligava a TV enquanto Nice preparava a refeição. Ele amava a mulher, deu-lhe o apelido carinhoso de Gerente. "Os dois eram inseparáveis", conta a filha de coração de José, Renata.

Um dos passeios preferidos, um hábito dos domingos, era ir à feira. Uma de suas fontes de alegria era o time do coração, o Corinthians, ele era um torcedor apaixonado.

Amava curtir a vida e comer bem, mas os problemas hepáticos e diabetes restringiam suas escolhas alimentares. Mesmo assim, soube aproveitar, amar incondicionalmente as três filhas, os netos, a esposa e a vida.

Deixou saudades e exemplos de como levar felicidade aos outros, de trabalho e, especialmente, de muito afeto.

José nasceu em Sacramento (MG) e faleceu em São Paulo (SP), aos 64 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pela filha do coração de José, Renata Tuasco Morassi. Este tributo foi apurado por Lígia Franzin, editado por Talita Camargos, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 28 de março de 2021.