1931 - 2020
Melhor padrinho do mundo, encantava crianças contando e cantando histórias e, em dezembro, virava "Papai Noel".
José Dantas era seu nome, mas "padrinho" era como carinhosamente o chamavam e o conheciam. Recebeu esse título quando, aos 25 anos, ganhou sua primeira afilhada, Zuleid, que também é sua sobrinha querida e que, amorosamente, solicitou a publicação desta homenagem.
A afilhada lembra que "até os vizinhos o chamavam de padrinho". Homem pacato, de pouca conversa, mas não de poucos ouvidos, tampouco de poucas palavras. Era bom ouvinte e tinha um dom especial para contar e cantar narrativas, "fazendo brilhar os olhos dos pequenos com as histórias que brotavam daquele coração generoso", nos fala Zuleid, com afeto.
Talvez tenha sido por isso que, quando dezembro chegava, ele se transformava em "Papai Noel", encantando as crianças da escola pública infantil onde trabalhou por muitos anos como vendedor de balas.
"Cabelos branquinhos, nariz de bolotinha vermelha — era a cara do bom velhinho", fala com ternura a afilhada sobre seu padrinho "Papai Noel".
"Padrinho" fez 89 anos no dia 18 de julho, prometendo comemorar os 90 anos com muitos abraços em 2020; a festa há de ser entre nuvens e anjos no próximo ano. Despediu-se de amigos e familiares no mesmo mês em que nasceu. "Foi cuidar de outros afilhados no céu", nos fala com amor e saudade, sua sobrinha e primeira afilhada, Zuleid.
José Jerônimo Dantas de Lima, o filho de José Dantas, também foi uma das vítimas da Covid-19 e tem uma homenagem no Memorial.
José nasceu em Vitória da Conquista (BA) e faleceu em Goiânia (GO), aos 89 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pela sobrinha e afilhada de José, Zuleid Dantas Linhares Mattar. Este tributo foi apurado por Thaíssa Parente, editado por Cristina Marcondes, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 30 de dezembro de 2020.