1977 - 2020
Curtia o som de um bom forró raiz e ficava bravo caso os familiares trocassem sua música pelas modas modernas.
José Ernesto, ou apenas Ernesto, como era chamado, foi um homem dedicado à sua família. Apaixonou-se pela esposa, Cleonice, antes mesmo de conhece-la pessoalmente, quando a viu em uma fotografia do batizado da filha de seu primo, afilhada de Cleonice. Logo marcou um encontro e fez o pedido de namoro. Cleonice ainda fez suspense e disse que iria pensar. Porém o pedido foi aceito e o namoro virou casamento. Chamava a esposa carinhosamente de “veinha”. Eram muito unidos e companheiros. Tinham em comum a vontade de ajudar ao próximo. Por muitas vezes, tiravam o que era deles para dar aos outros. Por alguns problemas de saúde de Cleonice, o programa favorito do casal era curtir momentos em casa, conversando e assistindo filmes ou reunindo a família para um churrasco.
O churrasco, por sinal, era um dos programas favoritos de Ernesto. Fazia questão de bancar sozinho o evento, pois para ele era um grande prazer ver a família toda reunida. Nessas ocasiões, gostava que os adultos degustassem uma dose de cachaça assim como para as crianças da família, Kauã, Laura, Kamily e Vitória, sempre levava doces.
Tinha uma relação muito especial com a filha Vitória. Mesmo tendo algumas diferenças, demonstravam um amor imensurável. Eram o ponto de apoio um do outro, sempre amorosos e preocupados com o bem estar do outro. O gênio dos dois era igual, sem tirar nem pôr. Gostavam de assistir juntos ao Filme preferido de Ernesto, A Era do Gelo.
Era grande admirador de forró raiz. Apesar de não dançar, gostava de ouvir música enquanto tomava uma cerveja ou uma cachaça, proseando com os amigos. Não deixava ninguém trocar suas músicas pelos ritmos atuais, não gostava das modas de hoje em dia.
Trabalhou como serralheiro por toda a vida, sempre na mesma empresa. Saía de casa ainda de madrugada, e, quando voltava, já era noite. Antes de chegar, gostava de dar uma passada na padaria, tomar uma cerveja e conversar com seus amigos.
A sobrinha Esteffani lembra com carinho de momentos simples e pequenos detalhes que lhe fazem pensar no tio Ernesto. Como sua mania de comer em potes, usando os pratos apenas em ocasiões especiais. Dizia que os pratos não eram grandes o suficiente e sua paixão por bife à parmeggiana com farofa.
Em uma ocasião, Ernesto escreveu junto com a sobrinha uma carta, endereçada aos seus pais na Bahia. A escolha das palavras corretas rendeu boas risadas entre eles. Esteffani recorda que os pais de Ernesto, Leonísia, de 72 anos, e Hermenegildo, de 83 anos sempre foram exemplos de força e superação para o filho. Ernesto deixará muita saudade em todos aqueles que conviveram com ele.
José nasceu em Casa Nova (BA) e faleceu em São Bernardo do Campo (SP), aos 43 anos, vítima do novo coronavírus.
Testemunho enviado pela sobrinha de José, Esteffani Fagundes Santana. Este tributo foi apurado por Luisa Pereira Rocha, editado por Marília Ohlson, revisado por Magaly Alves da Silva Martins e moderado por Rayane Urani em 19 de novembro de 2021.