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José Felix da Silva

1951 - 2020

O amor e a fé foram as bases da educação que deu aos filhos para que seguissem o caminho da honestidade.

Nascido em São Pedro do Potengi, uma cidadezinha do interior do Rio Grande do Norte, teve que trabalhar desde muito pequeno e, ainda adolescente, mudou-se para a capital junto com seus pais e irmãos onde seu primeiro emprego foi como ajudante de cargas.

Em Natal teve seu primeiro casamento do qual nasceram os filhos: José Felix, Valdir, Vanuza, Vera e Valquíria.

Aos 33, mudou-se para o Rio de Janeiro e lá permaneceu até 1989, quando retornou a Natal. Uma vez no Rio, casou-se pela segunda vez com Maria Conceição, numa relação que durou trinta e cinco anos e juntos, tiveram o filho Leandro.

Por intermédio de um tio, iniciou, em 1991, a profissão de pedreiro e nela muito se realizou; mas, infelizmente, anos mais tarde teve que interrompê-la por problemas de saúde que o levaram a uma aposentadoria por invalidez.

Trabalhador por natureza, mesmo aposentado, continuava exercendo suas atividades em casa ou para alguém da família que precisasse dos seus serviços.

Amava balançar-se em sua rede e, com seu olhar sereno, falava das lições e dos aprendizados da vida, ensinamentos que ficarão para sempre gravados na memória dos seus. Gostava de um café no fim da tarde e também de ficar numa cadeira de balanço na calçada até o anoitecer, jogando conversa fora ou contando anedotas que faziam todo mundo rir.

O filho Leandro relembra doces e engraçadas histórias vividas junto de seu pai. Uma de suas preferidas, foi a vez em que estavam ele, o pai e a mãe numa praia de Natal, quando este lhe chamou para uma disputa a nado. O pai, brincalhão como sempre, deu algumas poucas braçadas e deixou a criança passar à frente fingindo-se de cansado. Ao saírem da água, correu atrás do filho e, sem querer, afundou-se na areia provocando muitos risos na esposa que lhe advertiu: “Fica quieto, meu velho, nosso menino cresceu e suas pernas já não têm o mesmo vigor pra correr atrás dele...”

Homem discreto e de olhar sereno, deixou seus ensinamentos de honestidade e dignidade para todos os filhos e os netos Alisson, Harlean, Arthur, Maria Alice, Heloísa, Gabrielle, Wanessa e Guilherme.

O filho de Leandro estava a caminho quando ele partiu e este, como grande admirador do próprio pai, se inspira no mesmo ao dizer: “Meu pai era meu exemplo de caráter, de honestidade, de tudo de bom que um pai pode ensinar a um filho. Peço a Deus todos os dias que eu possa ser ao menos a metade do que meu pai foi para mim; aí, já me darei por satisfeito”.

José foi católico fervoroso como poucos e rezava por todos em seu terço. Dizia sempre: “Meu filho, quando eu me for, não chore. Reze por mim e pelo meu espírito, para que eu mereça o prêmio da vida eterna” e emendava com uma frase de São Francisco de Assis: “... pois é morrendo que se vive para a vida eterna.”

Seu legado inestimável fica nos ensinamentos que deixou com seu próprio exemplo, e que serão para sempre lembrados.

José nasceu em São Pedro (RN) e faleceu em Natal (RN), aos 69 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pelo filho de José, Leandro Felix de Souza. Este tributo foi apurado por Malu Marinho, editado por Vera Dias, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 28 de dezembro de 2020.