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José Figueira de Freitas Filho

1932 - 2020

Em suas longas caminhadas, ele dizia "Alegria, alegria!" aos passantes do semblante entristecido.

"Pense em uma pessoa vibrante, comunicativa, repleta de energia e que chamava a atenção por onde passava. Bem, essa pessoa é o nosso Freitas! O senhor Alegria!", descreve o genro Wagner, que logo ressalta: "Porém não imagine uma pessoa próximo do inconveniente, como o 'tio do pavê'. Pelo contrário, a alegria de José era meiga e cativante."

Seu entusiasmo e vigor eram eminentemente amorosos, tal como a incansável comunicação, que sempre buscava colocar-se a serviço de um propósito maior, seja o de trazer uma mensagem inspiradora ou o consolo de alguma dor. Tanto é que se havia uma grande meta em sua vida, essa teria sido "quero ter um milhão de amigos". E não seria um objetivo exagerado para o Seu Freitas, pois os amigos eram carinhosamente minerados em suas longas caminhadas de "bom dia" e nas breves mensagens de ânimo.

Ele também era assim nas diversas filas: de bancos, repartições públicas, farmácias, restaurantes e padarias, onde aproveitava para distribuir pensamentos de moral cristã.

"Quantos foram aqueles que, tempos depois, quando casualmente o reencontravam, o abraçavam agradecidos destacando o quanto aquela mensagem recebida de um 'estranho' havia sido um bálsamo e consolo para um momento de dor que enfrentavam?! E quantos se tornaram grandes amigos por conta disso?!", relembra Wagner.

O genro diz que há tanto para contar sobre o Seu Freitas que, certamente, daria um belo livro. "Da sua mãezinha, falecida quando ele ainda era criança, e que ele falava com tanto amor. De sua adolescência pobre e cheia de desafios e superações. De suas empolgantes histórias na aeronáutica, que o enchiam de orgulho. Da família que formou com sua amada esposa e de seus queridos filhos. Dos trabalhos assistenciais que praticava em Goiânia e de suas eloquentes palestras de cunho cristão. Dos seus famosos sorteios de livrinhos nos eventos da família, que ele preparava com tanto zelo. Belíssimos capítulos de uma inspiradora história", ele diz, e finaliza sua homenagem, dedicando a ele o que ele sempre lhes dedicou: "Chuvinha de bençãos!"

José nasceu em Bauru (SP) e faleceu em Goiânia (GO), aos 87 anos, vítima do novo coronavírus.

Testemunho enviado pelo genro de José, Wagner de Siqueira Pinto. Este tributo foi apurado por Viviane França, editado por Júlia de Lima, revisado por Lígia Franzin e moderado por Rayane Urani em 10 de setembro de 2020.